quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Passeata de produtores do 5º distrito de SJB em protesto por desapropriação de terras

Um diagnóstico socioeconômico vai definir o que são terras produtivas e improdutivas

Forte aparato policial em frente ao prédio do Legislatdivo

Agricultores exibem faixas e o que produz no campo.

O trânsito foi interditado nas imediações da prefeitura


Produtores chegam para o manifesto.
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Um grupo de produtores da região do quinto distrito de SJB chegou, hoje, 27, por volta das 16 horas, em passeata até o prédio da Câmara Municipal de SJB onde promoveu uma manifestação pacífica para protestar contra o decreto de desapropriação de terras consideradas por eles produtivas. O produtor Amaral Rocha da Silva vive em uma terra que estaria na área de desapropriação. “Eu moro em Campo da Praia, e já aviso que de lá eu não vou sair. Estou com 72 anos e minha mãe com 100 anos em cima de uma cama”, diz. O produtor Amaro Ricardo da Silva disse que mora em Campo da Praia há 52 anos. “Vivo dentro do que é meu. Trabalho e estou preocupado”, diz. Outro produtor, de 77 anos, disse que nasceu no quinto distrito em cuja terra viu o pai morrer. “Estou velho, cansado, não tenho estudo, estou com problema de bronquite e não quero sair de lá”, revela.
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Produtos da terra exibidos na passeata

Utilizando caminhões e caminhonetes, os produtores trouxeram para frente da prefeitura o que produz em suas terras: abacaxi, coco, bananas, abóbora, pimentão, tomate, cana de açúcar e muitas faixas com mensagens apelativas de socorro, sem citar a quem era dirigido o apelo.
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Debate na Câmara Municipal

Lideranças do movimento deram prosseguimento aos debates no interior do legislativo sanjoanense lotado. Aliás, o espaço foi pequeno, mas a segurança foi garantida com apoio de dezenas de policiais militares. Duas viaturas permaneceram em frente aos prédios da Prefeitura e Câmara.

Na Câmara Municipal, o presidente Alexandre Rosa repetiu muito que os vereadores são eleitos para defenderem o povo. “Estamos do lado dos produtores no que eles decidirem. Não somos contra o progresso, mas todos merecem respeito”, diz.
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Manifesto “A verdade”

Enquanto a manifestação prosseguia na Câmara Municipal, na área em frente ao prédio do Legislativo, onde estavam curiosos, políticos e produtores, uma jovem distribuía um manifesto intitulado “A verdade”. Embora sem assinatura, “A verdade” aborda a suposta história de uma jovem que diz sempre ter sonhado em um dia ter uma profissão, cursar uma universidade, ter um bom emprego e viver na terra onde nasceu. Fala da esperança que nasceu quando o povo deu oportunidade a uma professora (Carla Machado) a administrar o município. Foi quando em dezembro de 2005, o empresário Eike Batista resolve investir no município criando o Porto do Açu, onde irá criar mais de 50 mil empregos diretos. Um investimento que atrairá siderúrgicas, montadoras de automóveis e metalúrgicas. E indaga: Qual município não quer ter esses investimentos? Qual população não vê, na vinda dessas empresas, a oportunidade de bons empregos e estabilidade financeira. O manifesto diz ainda que ao invés de fazer desse impasse das desapropriações um palanque eleitoral, os políticos deveriam pensar no desenvolvimento do município. É claro, diz em outro trecho, que todo produtor merece respeito, mas não podemos deixar essa oportunidade sair do município. Ao concluir, o manifesto indaga: será que o ex-governador Anthony Garotinho, agora aliado do ex-prefeito Betinho Dauaire, não quer que essas empresas se instalem em Campos, município governado por Rosinha. Levanta, ainda suspeita de que os vereadores que fazem oposição a prefeita, junto com o ex-prefeito Betinho, podem estar sendo manipulados por Garotinho.
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Descontentamento

O tom do descontentamento com a incerteza que estava tomando os moradores do quinto distrito foi dado pela prefeita Carla Machado na reunião com o secretário de Desenvolvimento Econômico, Júlio Bueno. Carla disse que o processo de desenvolvimento é importante porque gera empregos e cria oportunidades para a população, mas não pode significar prejuízo para a população de São João da Barra. A prefeita sugeriu ao secretário que o Estado firme convênio com a Defensoria Pública para acompanhar de perto a situação dos moradores da região. Ela anunciou também a criação de um braço da assistência jurídica do Município em Mato Escuro a fim de orientar e esclarecer os moradores.
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Entenda o que aconteceu e que motivou a reunião

Por meio de um novo decreto publicado ontem no Diário Oficial, o governo estadual retirou uma faixa de terra que compreende as localidades de Água Preta e Mato Escuro, no quinto distrito de São João da Barra, da área destinada ao distrito industrial do Complexo Logístico do Açu. A área excluída soma 4,8 milhões de metros quadrados, do total reservado à “área de utilidade pública para fins de desapropriação” visando a criação de um distrito industrial e é habitada por aproximadamente mil famílias da zona rural. A boa notícia chegou antes mesmo do início da reunião convocada para ontem, dia 20, pela prefeita Carla Machado (PMDB), com a comunidade e o secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico, Júlio Bueno. Para a prefeita Carla Machado esse é o primeiro passo no novo caminho a ser trilhado entre a Prefeitura, o Estado e os produtores rurais dentro do processo de desenvolvimento econômico que São João da Barra está vivendo com a construção do Complexo Logístico do Açu. Ela destacou que ninguém será tirado de suas terras sem que haja entendimento e principalmente, antes que seja feito o levantamento socioeconômico exigido pela Prefeitura, em maio deste ano. “Nós precisamos saber quem são as pessoas, o que elas fazem, se vivem ou não da terra, para depois encaminharmos soluções viáveis e justas”, afirmou a prefeita.
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A reunião com a presença de Júlio Bueno foi anunciada na semana passada, quando a prefeita esteve no Rio. O motivo da vinda do secretário de Desenvolvimento Econômico a São João da Barra é a situação enfrentada pelas famílias residentes no quinto distrito. Boa parte está inclusa nos decretos estaduais que delimitaram o polígono do Complexo Industrial do Açu. Nas reuniões que manteve no Rio com o secretário de Desenvolvimento Econômico, com a secretária de Ambiente, Marilene Ramos, e com o vice-governador Luiz Fernando Pezão, Carla manifestou discordância com a edição de um decreto antes da realização do diagnóstico socioeconômico. “Nós combinamos que nada seria feito antes do levantamento”, lembrou a prefeita.

2 comentários:

Anônimo disse...

Quem sera o beneficiario das manifestaçoes,contra a prefeita carla machado muita coincidência que apos declarar que seria cedo antecipar o debate eleitoral para o governo do estado,aliada do governador sergio cabral e ate então do ex gov garotinho,se ver o movimento orquestrado contra o desenvolvimento de são joao da barra,as forças derrotadas do municipio estao se aliando,com como se ve com apoio do ex gov garotinho,é muito triste saber que os vereadores de oposição estao contra o progreço,querem que são joão da barra continue de joelhos para que posam renovarem seus mandatos,com a miseria deste povo aguerrido,mas aprefeita tém o apoio do povo,e com opovo ela vai fazer de são joão da barra uma grande cidade

Anônimo disse...

A verdade é que os produtores do quinto distrito sempre viveram e educaram seus filhos sobre aquelas terras. Nunca tiveram o apoio dos governantes! E agora, com o advento do porto do Açú, recebem uma apunhalada pelas costas, já que ninguém sequer os procurou para conversar sobre a possibilidade dos mesmos saírem de suas terras para dar lugar às indústrias milionárias. Simplesmente publicaram decretos "frios" no D.O., o qual ninguém de lá tem acesso (sequer sabem ler!). Os produtores têm todo o direito de procurar esclarecimentos e gritar pelos seus sentimentos de INJUSTIÇA, INDIGNAÇÃO, ABANDONO E EXCLUSÃO. Para não dizer de EXPULSÃO!
A verdade é que há grande interesse dos poderosos em desapropriar as terras por valores irrisórios, a serem pagos Deus sabe quando, para depois revender por valores bilionários! Ou seja, "varrer os probres para fora do Município" e enriquecer os poderosos!
Eu deixo uma pergunta: Será que os munícipes que ainda continuarão lá conseguirão "abocanhar" parte do desenvolvimento prometido? Afinal, se observarmos a história e outros casos semelhantes, concluímos que este "progresso" serve apenas para degradar a natureza, enriquecer poucos e explorar muitos, de forma que o "O DE CIMA SOBE E O DE BAIXO DESCE!"