sábado, 8 de agosto de 2009

Secretário estadual de Saúde discute gripe suína com as autoridades em Campos

Objetivo foi repassar as estratégias e ações de combate à gripe suína


Por Verônica NascimentoFoto: Gerson Gomes
O secretário de Saúde de Campos, Paulo Hirano, recebeu, na tarde desta sexta-feira (7), na Sociedade Fluminense de Medicina e Cirurgia, o secretário estadual de Saúde, Sérgio Côrtes, em reunião com o vice-prefeito, Doutor Chicão, e diretores de hospitais e médicos do município, além do prefeito de São Fidélis, Luís Fernando Fratani. O objetivo foi repassar as estratégias e ações de combate à gripe suína.
Quanto à transmissão do vírus H1N1, o representante do governo do Estado afirmou que Campos está acompanhando, simultaneamente, as mudanças que ocorrem no protocolo do Ministério da Saúde, tendo sido, inclusive, o primeiro município a liberar o medicamento Tamiflu para as gestantes, principal grupo de risco da nova gripe. A medicação é recomendada, independente das gestantes apresentarem um quadro gripal agudo.
Cortes também disse que a decisão da secretaria de Saúde de Campos de, desde a última sexta-feira, descentralizar o tratamento dos casos suspeitos de um hospital referenciado - no caso o Hospital Ferreira Machado - acompanhou medida que está sendo tomada em todo o país e no mundo, para chamar à responsabilidade todos os profissionais da saúde, no atendimento à população em uma situação de epidemia. Côrtes destacou a necessidade do pronto atendimento às gestantes:
- Mesmo uma simples sinusite não pode ser desconsiderada, pois a evolução da doença nas grávidas é muito rápida e, quanto antes ela for medicada, mas eficiente o tratamento - diz o secretário.
Hirano reforçou a recomendação: "Com a descentralização da referência, é decisão do médico, diante do quadro da paciente gestante, definir a internação e aplicação do Tamiflu. E a decisão de liberar a gestante para tratamento em casa, sem o uso do Tamiflu, também exige acompanhamento. Se ela usa uma medicação, melhora, mas volta a apresentar algum sintoma simples de gripe, deve novamente buscar atendimento médico. As grávidas precisam de atenção ultra especial", esclareceu o secretário de Campos.
Entre as questões apresentadas aos secretários estadual e municipal de Saúde, estava a liberação das gestantes do trabalho, inclusive, na iniciativa privada: "No âmbito do município e do estado, temos a gestão do funcionalismo, o que nos permitiu liberar servidoras grávidas do trabalho de atendimento ao público", falou Côrtes.
Hirano fez um apelo: "Não podemos parar a cidade, mas grávidas que puderem se ausentar do trabalho devem fazê-lo e, até por uma questão de humanismo e de responsabilidade com os demais funcionários, acredito que a medida tomada pela prefeitura e pelo estado, de liberar nossas gestantes do serviço, será seguida pelo empresariado".
O secretário ainda lembrou que o início das aulas foi adiado para o próximo dia 17: "Nossa preocupação inicial era com as crianças de até cinco anos, mas os casos são mais de gestantes. Se não houver nenhuma alteração desta data, a recomendação é que os alunos que estiverem gripados permaneçam em casa".
Também ontem, o secretário Paulo Hirano se reuniu com diretores do Hospital Plantadores de Cana, onde um grupo de aproximadamente 15 médicos paralisou seus trabalhos. Ainda na reunião, na Sociedade de Medicina e Cirurgia de Campos, o secretário estadual de Saúde, Sérgio Côrtes, informado sobre a situação, disse que o Estado não permitira atitudes como esta em um momento de crise, especialmente partindo de profissionais de uma instituição hospitalar refência no atendimento a gestantes.
Hirano também afirmou que, caso seja necessário, a Prefeitura de Campos fará intervenção para assumir o controle da situação. "É desumano colegas de profissão se aproveitarem de um momento de crise para fazer reivindicações, pondo em risco a vida de pessoas. Quero crer que vão repensar essa atitude, que é de descumprimento do juramento de assistência que fizeram. Se necessário, recorremos à Justiça, pois não nos curvaremos a essa atitude. Se houve algum atraso no pagamento desses profissionais, em função de atraso ou não repasse de verbas da Prefeitura para o hospital, foi porque o hospital não apresentou prestação de contas. Não podemos liberar verbas sem isso".
Diretor geral do HPC, Luís Maurício Crespo frisou que a atitude partiu de um grupo isolado de anestesistas e médicos da UTI Pediátrica e NeoNatal e chegou a admitir a dificuldade da instituição na prestação de contas, conforme o rigor exigido pelo Tribunal de Contas: "Eu mesmo peço essa intervenção, pois, na desorganização do governo anterior, não tínhamos esse rigor. Mas apreciamos e queremos nos adequar pra isso".
Paulo Hirano informou que, ontem, 26 pessoas estavam internadas, com suspeitas da gripe, 19 delas gestantes, cuja maioria foi acolhida por medida de precaução, para exame e rastreamento do vírus e, na ausência do H1N1, liberação. Eram três gestantes na Santa CSA de Misericórdia, 15 no HPC e uma no Hospital Ferreira Machado, onde uma, identificada como Jéssica, de 18 anos, faleceu, na noite de quinta-feira. Duas crianças também estão no isolamento do Hospital Geral de Guarus, duas no HMF, e outras duas na Unimed, onde também estão dois adultos. Nenhuma das novas gestantes internadas precisaram de terapia intensiva.

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