sábado, 28 de dezembro de 2013

Morre Bracutaia lenda viva de Gargaú "onde o tempo não tem pressa"

Bracutaia dizia ter parentesco com o Rei do Cangaço e ficou conhecido pela especialidades das cachaças de cobras, escorpiões e marimbondos.

Faleceu, na sexta-feira, 27, em Campos dos Goytacazes, Bracutaia, aos 90 anos, no Hospital Ferreira Machado o Bracutaia lenda viva de Gargaú. Segundo Cristiane, filha de Luis de Souza Gomes - o Bracutaia o corpo do pai está sendo velado no Bar Bracutaia em Gargaú e o sepultamento será as 16 horas deste sábado, 28,  no cemitério de Gargaú.

Quem foi Bracutaia.

Segundo o site bracutaiacultural.blogspot.com.br,  Luis de Souza Gomes - o Bracutaia ficou conhecido  nacionalmente, graças ao seu bar, onde as "especialidades" são as cachaças de cobras, escorpiões, marimbondos e raízes diversas, também chamadas de "batidas" e que são nada mais, nada menos que garrafas contendo estas "iguarias" embebidas em aguardente. E o pior (ou melhor...) é que elas são realmente degustadas pelos turistas e clientes.
  
A chegada do Bracutaia à Gargaú remonta aos idos de 1968, quando fixou residência nesta comunidade, só saindo para um "retiro" na praia Rasa, em Búzios, após a apreensão pelo Ibama das suas gibóias, tartarugas e jacarés que criava, fato que lhe gerou grande desgosto. Neste período, e até hoje, o seu bar em Gargaú é comandado pelo filho chamado de "Paraíba".

E os turistas de outras cidades e até de outros estados sempre perguntam e fazem questão de conhecer esta figura ímpar, chamada Bracutaia, e de quebra ouvir suas folclóricas e lendárias histórias.

Mais sobre Bracutaia.
O jornalista Maurício Barreto, no jornal Contexto Regional, descreveu muito bem quem foi Bracutaia. Escreveu Maurício:

"O cenário ainda é o mesmo. Um bar rústico em uma esquina de Gargaú que, nos finais de semana, costuma receber fregueses em busca de pratos típicos, como camarão, peixe frito e o tradicional caranguejo, iguaria que é a marca registrada da praia. Mas é um pequeno balcão, na parte interna do estabelecimento, com garrafas de cachaça curtidas em cobra, marimbondo, escorpião e ervas que dá a dica aos mais desavisados. Ali é o bar do Bracutaia, onde mora grande parte do folclore do litoral de São Francisco de Itabapoana.

Vindo de Pernambuco com fama de ser descendente de cangaceiros - e até mesmo parente próximo de Lampião - como ele mesmo costumava afirmar, Luiz de Souza Gomes, o Bratucaia, passou a tocar o estabelecimento comercial há 45 anos, ficando por 35 à frente dos negócios até ir morar na Região dos Lagos, há uma década. O período que viveu em Gargaú, porém, foi o suficiente para o comerciante nordestino se transformar em uma espécie de lenda naquela praia.

Entre as tantas histórias, a principal delas é que Bracutaia costumava virar lobisomem. A confirmação desse bizarro hábito vinha da boca do próprio. “Bracutaia gostava de alimentar a lenda em torno de si. O bar sempre foi muito visitado devido à fama alcançada por ele e, quando perguntado se era verdade que virava lobisomem, ele falava que sim”, contava Hugo Queiroz, lembrando que o parentesco com o Rei do Cangaço também era sempre confirmado.

Aos 86 anos, Bratucaia retornou da Região dos Lagos, onde mantinha uma barraca na Praia Rasa, em Búzios, e vive hoje em Campos. O famoso bar é administrado por seu filho, Jorge Rodrigues Gomes, conhecido como Paraíba, que o mantém com suas características originais. Além das famosas cachaças curtidas, uma variedade de fotografias, pôsteres e escudos do Botafogo ajudam a compor o ambiente.

Sobre o episódio que culminou com o afastamento da lendária figura da praia, Paraíba relata com tristeza. “Meu pai criava uns bichos para servir de atração para os turistas. Ele não matava os animais e não praticava maus tratos. Aqui existiam jacarés, tartarugas e outras espécies. Mas a policia veio aqui para enquadrá-lo por crime ambiental e ele acabou ficando detido por 12 dias. O desgosto fez com que optasse por abandonar Gargaú”.


Hugo Queiroz testemunhou a chegada do comerciante a Gargaú e o descreve como uma grande figura. “Ele era a atração da praia. Nunca fez mal a ninguém e sua prisão foi uma injustiça, pois os bichos eram criados na própria maré, nos fundos de seu bar. Não existia nem cativeiro. Sua fama contribuía também para divulgar o nome de Gargaú, pois aqui vinha gente de várias cidades e também equipes de reportagem para conhecer de perto as histórias de Bracutaia”.

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