quinta-feira, 7 de maio de 2015

Crise atinge em cheio o setor sucroalcooleiro


Na Canabrava, trabalhadores com salários atrasados ameaçaram greve, mas Usina prometeu pagamento para os próximos dias. Para esta safra, cerca de 65% da cana em São Francisco de Itabapoana foi perdida. Crise afeta outros setores do agronegócio.

O setor sucroalcooleiro da Região Norte Fluminense foi duramente atingido pela atual crise hídrica e financeira do Brasil. O presidente da Cooperativa Agroindustrial do Estado do Rio de Janeiro (Coagro), Frederico Paes, disse que, devido à seca e falta de matéria prima, o início da safra de cana de açúcar foi adiado de junho para julho.

A Usina Canabrava, localizada próxima ao limite de Campos dos Goytacazes com São Francisco de Itabapoana, admitiu dificuldades financeiras. Esta semana um grupo de trabalhadores se mobilizou para reivindicar o pagamento de salários, que estariam atrasados há dois meses. A empresa afirmou que o atraso é apenas de um salário.

Trabalhadores se reuniram para
reivindicar pagamento de salários atrasados
Esse grupo chegou a organizar uma paralisação com ameaça de greve, entretanto uma reunião entre a diretoria e os trabalhadores, realizada nesta quarta-feira, 06-05, acalmou os ânimos com a promessa de pagar os atrasados nos próximos dias.

Essa reunião foi confirmada pela Usina em Nota (veja aqui) divulgada nesta quinta-feira, 07-05. Também uma fonte ligada aos trabalhadores confirmou ao Blog que a reunião foi boa, os trabalhadores voltaram as suas atividades, e que a promessa de pagar os salários fez cessar a paralisação.

Em entrevista ao Jornal São Francisco é Notícia desta quinta-feira, na Rádio São Francisco FM, o presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de São Francisco de Itabapoana, Júnior Terra, disse que cerca 65% da safra de cana do município foi afetada e não atingiu um padrão de produtividade, seja por baixo crescimento ou por reduzido índice de sacarose. “As dificuldades são tantas que os produtores estão tendo dificuldades de adquirir a muda da cana para refazer a plantação”, alerta Júnior.

Crise afeta também pecuária

Pastagens foram duramente afetadas em SFI
Não é só o setor sucroalcooleiro que sofre. O município, que teve a situação de emergência decretada pelo prefeito Pedrinho Cherene, contabiliza perdas na pecuária de corte e leiteira. Júnior Terra, que também é diretor da Secretaria de Agricultura, conta que as áreas de pastagens foram duramente afetadas.

“Pra se ter uma ideia da crise, cerca de 40 mil hectares de pastagem simplesmente deixaram de existir em São Francisco”, destaca Júnior. A estimativa da Secretaria Municipal de Agricultura é que o município perdeu com a seca 45% do rebanho bovino, vendido para outras regiões, devido à falta de pasto. Apesar da pressa em vender, Júnior considera que o gado pra corte, da raça Nelore, foi vendido a um preço justo.

Entretanto a pecuária leiteira sofreu um baque. “As vacas leiteiras são valorizadas e têm preço próprio, mas animais com alto valor comercial foram vendidos na balança, o que é considerado uma desvalorização muito grande”, aponta. A estimativa do presidente do Sindicado dos Produtores é que à produção de leite em São Francisco caiu 60% com a atual crise.

Com esse cenário caótico em que atravessa a agropecuária regional só resta apelar à união entre os municípios do Norte Fluminense e às autoridades Estaduais e Federais. E esses esforços terão de ser contínuos, já que a expectativa é que a Região leve alguns anos para se recuperar deste momento ruim.

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