sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Palácio da Cultura inaugurado em São João da Barra

Coube ao Gabriel Veras da Silva Berto, neto do Blogueiro, desatar o laço da fita de inauguração do espaço cultural mais importante da cidade sanjoanense, que entra para a história do município.





Deteriorado pelo tempo, e em péssimo estado de conservação, por anos o antigo Grupo Escolar Alberto Torres, conhecido carinhosamente por Grupo Velho, prédio que marcou a história em São João da Barra, foi inaugurado na quinta,11-09, a cujo espaço físico após restauração ganhou o nome de Palácio Cultural Carlos Martins.
O historiador Fernando Antônio Lobato, diretor do espaço, comemora a inauguração, já que foi um dos muitos que sempre desejaram que a restauração do local se tornasse realidade. Para nomear o novo espaço da cultura sanjoanense, uma figura ilustre com raízes na cidade: o pintor, conhecido internacionalmente, Carlos Martins.
— Carlos Martins é filho do Coronel João de Almeida, chefe político do início do século XX. Como todos os jovens sanjoanenses na época da decadência econômica da cidade, ele também foi morar no Rio, onde se tornou amigo de Artur da Távola e outros escritores e artistas. Ele vinha sempre para São João da Barra, nas casas dos tios, e se envolvia com as pessoas ligadas à cultura. Ele se preocupava muito com o fato do prédio estar caindo e também lutou para essa restauração. Conseguiu, por duas vezes, verba estadual para que isso acontecesse — conta Fernando Lobato.
O diretor do Palácio Cultural lembra que, por questões de nomenclaturas, a primeira verba foi destinada à construção do Pré-Escolar Alberto Torres. A segunda vez, a verba foi liberada oficialmente, mas não saiu do papel.
— Isso aconteceu nos governos de Brizola. O pré-escolar era muito necessário para a cidade, mas a verba não tinha sido liberada para esse fim. Quando surgiu a possibilidade dessa restauração, não poderia pensar em outro nome para ser homenageado. Carlos Martins morreu em 2000, mas foi uma pessoa de expressão internacional e não é ele quem é o homenageado, mas sim a cidade, por ter um espaço com esse nome — declara.
Mas não será apenas Carlos Martins o homenageado. Fernando Lobato conta que a restauração não é apenas do espaço físico, mas também da memória histórica da cidade. Cada cômodo do palácio recebeu um nome ilustre. “Muitos nem sabem quem foi Carlos Martins ou quem são os nomes homenageados. Temos essa função também, de levar ao conhecimento da comunidade, as pessoas que fizeram muito pela cultura sanjoanense”, diz.
O Salão Nobre, do casarão, leva o nome de Manoel José Nunes Teixeira, o Coronel Teixeira, o proprietário da casa. “As peças não são originais do século XIX, mas procuramos remontar o ambiente de época. O quadro do imperador Dom Pedro, que é da Santa Casa, vai ficar no local, através de um comodato”, ressalta Fernando Antônio.
A Sala de Exposições Fernando José Martins homenageia o conhecido historiador sanjoanense. O espaço conta com um auditório para 50 pessoas. O Gabinete Administrativo Milva Bessa, nome da folclorista conhecida por ensaiar grupos de dança folclóricos na cidade. A Galeria João Brígido dos Santos leva o nome do jornalista sanjoanense que ficou conhecido no Ceará e fez parte da história nacional da imprensa.
A Sala Multimídia José Henriques da Silva homenageia o também jornalista português que fez história na imprensa da cidade que o adotou. O Stúdio Fotográfico João Rocha, por sua vez, leva o nome do único fotógrafo na cidade por um período de 40 anos, responsável pela memória fotográfica local por um bom tempo. A Sala de Recepção Manoela Gomes Moreira homenageia outro jornalista importante da cidade.
A Sala de Música Ubaldo Sena leva o nome de uma das três figuras importantes na história da música na cidade, junto com Waldimiro Ferreira (que já é nome de escola de música) e Amédio Venâncio (que nome uma banda).
A Sala de Literatura Ruy Alves leva o nome do literato e médico filho do Coronel Amando Alves, intendente que comprou o casarão em 1922, para transformá-lo numa escola. Também filha do Coronel, a artista plástica premiada Ecyla Diniz nomeia a Sala de Artes Plásticas.
A Sala de Dança Doris Cunha, leva o nome da dançarina, filha de sanjoanenses, que trouxe o balé clássico para a cidade. A Sala de Arquivo Cultural João Oscar do Amaral Pinto, homenageia o historiador e escritor sanjoanesne e vai ser um espaço dinâmico com projetos de resgate da cultura local.
A Galeria Cecílio Santos Lavra leva o nome do poeta sanjoanense. O Pátio Ana Augusta Rodrigues, por sua vez, homenageia a antropóloga autodidata, que viveu em Barcelos e São João da Barra, onde fez um trabalho sobre o resgate da cultura sanjonense. “Ela escreveu muitos livros, inclusive, um sobre as brincadeiras infantis e descobriu alguns sambaquis no município. Essas ‘homenagens’ têm como função o resgate cultural”, observa Fernando Lobato.

2 comentários:

Anônimo disse...

Nossa, a obra ficou linda! São coisas assim precisamos trazer para São Francisco.

Anônimo disse...

Pessoal, Saudações!

Meu nome é Diego Kopke, por motivo de uma pesquisa acadêmica gostaria de manter contato com o historiador Fernando Antônio Lobato, alguem teria o contato dele para me fornecer.

Atenciosamente,

Kopke

Respoder para diegokopke@gmail.com