INPH apresentou projeto que já foi desenvolvido com
sucesso em outros pontos do litoral brasileiro
“A recuperação da orla de Atafona é possível e viável”. A
declaração é do diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Hidroviárias (INPH),
o engenheiro Domenico Accetta. O projeto conceitual foi apresentado no último
dia 12, no auditório da prefeitura, e contou com a presença do prefeito José
Amaro de Souza Neco e de vereadores e secretários. Segundo Accetta, o projeto
final deve ser entregue dentro de cinco meses e a previsão é que a obra seja
orçada entre R$ 140 e 180 milhões.
Para referendar a sua ideia, Domenico Accetta mostrou
casos similares onde o INPH conseguiu recuperar, como Marataízes e,
principalmente, Conceição da Barra, que também é um pontal, ambas no Espírito
Santo. O engenheiro também apresentou detalhes do projeto inicial. A princípio
seriam recuperados quatro quilômetros de praia, no sentido Atafona -Grussai, e
aumentada a faixa de areia em cerca de 100 metros.
“Realizamos um estudo sobre a viabilidade de um projeto
que possa conter o processo de avanço do mar em Atafona, na foz do rio Paraíba
do Sul. O projeto é complexo devido aos diferentes locais de erosão e
assoreamento na foz, mas é totalmente viável. Foram dias de trabalho que vão
valer a pena”, ressaltou Domenico.
Segundo o prefeito José Amaro de Souza Neco, esta nova
possibilidade renova a esperança dos moradores de Atafona.
“Estamos torcendo muito para que dê certo. Nós sabemos
quantas pessoas perderam casas em Atafona. Esse projeto renova a esperança da
população. Sempre pedimos ajuda para resolver a situação, mas não tínhamos um
projeto para apresentar. Agora, com esse excelente trabalho do INPH vamos
buscar os recursos nas esferas estadual e federal para darmos início a esta
nova etapa”, ressaltou.
Processo erosivo- As primeiras observações do processo
erosivo foram há 40 anos. O mar avança sobre a cidade desde os anos 70 e vem
destruindo ruas inteiras. O problema foi intensificado com a falta de pressão
do volume de água do rio Paraíba do Sul, que corta a cidade de São João da
Barra a caminho do mar.
O técnico em Turismo, André Pinto atuou como colaborador
do projeto “Erosão de Atafona”, da Universidade Federal Fluminense (UFF).
Segundo André, o distrito tem características peculiares que fazem com que ali
sejam sentidas estas transformações mais drásticas.
“A forte dinâmica das correntes marinhas, a formação
geológica e por ser o ponto de tensão dos ventos vindos do nordeste, além da
construção irregular nas faixas do rio e do mar, fazem com que Atafona viva
este problema com tanta intensidade”, disse.
A ruína mais impactante de Atafona é o “hotel do
Julinho”. Construído pelo empresário Júlio Ferreira da Silva em 1973, o
empreendimento também foi uma mercearia. O jornalista João Noronha, no livro
“Uma Dama Chamada Atafona”, descreve o prédio como “o primeiro supermercado da cidade,
dotado de bar, padaria e lanchonete”. Na parte superior, foram construídos 48
apartamentos com suítes em três andares. O prédio veio abaixo em abril de 2008,
numa nova aproximação do mar. Ninguém se feriu. Meses antes a Defesa Civil
Municipal havia interditado o local.
Segundo os moradores mais antigos, o avanço do mar
acontece desde os anos 70. Estima-se que o mar avançou sobre cinco ruas,
totalizando cerca de 500 casas. Isso equivale, pelos cálculos da prefeitura, a
40 campos de futebol. “O mar avança cerca de três metros por ano”, diz André
Pinto. Tanto que o mar é proibido para o banho devido à presença de vergalhões
e restos de construções escondidas sob as águas barrentas. “A cor, aliás, em
nada tem a ver com poluição – é pela vizinhança com o rio”, ressaltou.
Secom-SJB
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