domingo, 13 de julho de 2008

Moradora de Tatagiba em SFI encontra Pingüim na beira mar




( Fotos do Magnum Silva)

Animal é da espécie Pingüim de Magalhães e se perdeu do grupo. Bióloga do CENTRO DE BIOLOGIA MARINHA explica como cuidar da ave.

A dona-de-casa Caçula, moradora na praia de Tatagiba, no litoral de São Francisco de Itabapoana-RJ, encontrou, hoje pela manhã, 13-07, um pingüim da espécie pingüim-de-magalhães. Segundo informações do responsável pelo espaço da ciência no Balneário de Atafona, em São João da Barra, Plínio Berto, naquela praia foram encontrados, também, seis pingüins da mesma espécie.

A espécie habita as zonas costeiras da Argentina, Chile e Ilhas Malvinas. O pinguim-de-magalhães é um pingüim sul-americano característico de águas temperadas migrando por vezes até ao Brasil no Oceano Atlântico ou até ao Peru. O pinguim-de-magalhães é uma ave de médio porte, com cerca de 70 centímetros de comprimento e 5 a 6 kg de peso. A sua plumagem é negra nas costas e asas e branca na zona ventral e no pescoço. A maior parte dos exemplares tem na cabeça uma risca branca, que passa por cima das sobrancelhas, contorna as orelhas e se une no pescoço, e uma risca negra e fina na barriga em forma de ferradura. Os olhos, bico e patas são negros. Como todos os membros da sua ordem, o pinguim-de-magalhães alimenta-se no mar, à base de peixe, lulas e outros crustáceos. Eles saem para caçar em pequenos bandos de 5 a 10 elementos e podem mergulhar até aos 90 metros de profundidade.

Bióloga explica como cuidar do animal

Valéria Flora Hadel, do CENTRO DE BIOLOGIA MARINHA informa em seu site como cuidar do Pingüim de Magalhães.


O Pingüim de Magalhães tolera bem temperaturas de 7 a 30°C. Quando encontrar um animal destes na praia, não o coloque no gelo.

1) Nunca coloque o pingüim no gelo. Coloque-o numa caixa forrada com jornal. Procure mantê-lo seco e aquecido. Este não é um pingüim polar, ele não vivia no gelo: é um Pingüim-de-Magalhães (Spheniscus magellanicus). Ele vem das praias de areia e pedras do Uruguai, Argentina e Chile. Ele está adaptado a temperaturas entre 7° e 30°C. Se for colocado no gelo vai entrar em hipotermia, isto é, por causa do frio o metabolismo do animal vai baixar até ele morrer. Se estiver fazendo frio pegue duas garrafas plásticas de refrigerante cheias com água quente e enrole-as em bastante jornal. Coloque uma debaixo de casa asa do pingüim para esquentá-lo. Ele vai adorar. Mas, se estiver fazendo calor não use as garrafas. Se a temperatura dele subir demais também é perigoso.


2) Enquanto estiver lidando com o pingüim não aproxime muito o rosto. Se ele se assustar pode bicar e atingir os seus olhos. Cuidado com cachorros e crianças pequenas.

3) Deixe o animal se acalmar por uma hora ou mais num local pouco iluminado e silencioso. Evite aglomeração de pessoas e não deixe que usem o "flash" das máquinas fotográficas.

4) Prepare um pouco de soro caseiro (uma pitada de sal e três de açúcar num copo com água morna sem cloro) e procure hidratá-lo. Use um conta-gotas limpo ou uma seringa de plástico sem agulha. Ele deve beber cerca de 20 ml a cada duas horas mais ou menos. Deixe para tentar a comida sólida um pouco depois ou no final do mesmo dia. Se puder, coloque umas gotas de "Vitagold" no soro. Este é um complexo de vitaminas de uso veterinário que pode ajudar na recuperação. Lave muito bem as mãos e todos os utensílios antes e depois de cuidar do pingüim. No primeiro dia o animal fica muito agitado e amedrontado e pode não aceitar a manipulação. Não force. Continue tentando enviá-lo para um veterinário.
5) De início o pingüim não come sozinho. É preciso tentar a "alimentação forçada". Pegue um peixe pequeno (sardinha ou manjuba) e empurre com cuidado pela garganta até quase chegar no papo. Nas primeiras vezes o animal se desespera e luta, mas logo ele percebe que você está tentando lhe dar comida. Apenas depois de alguns dias ele passa a aceitar com mais calma que você abra o bico e empurre o peixe. Até lá ele vai bicar e pode cortar a sua mão e dedos. Mas tenha cuidado: unhas compridas e peixes com espinhos nas nadadeiras ou no corpo podem machucar o revestimento interno da boca e da garganta do animal. Se você o machucar ele vai ficar com muito medo e não vai deixar que você o pegue de novo. Vá com calma, um pouquinho de cada vez. Se ele regurgitar (cuspir fora o alimento), não insista. Deixe passar mais algumas horas, ou tente de novo no dia seguinte. No entanto, continue a hidratá-lo.

6) O manuseio da comida deve ser feito com as mãos limpas para evitar a contaminação por bactérias. O mesmo se aplica ao conta-gotas ou ao instrumento utilizado para hidratação. Infecções bacterianas adquiridas no processo de alimentação são uma das causas da diarréia e da morte dos pingüins em recuperação.


7) Para acalmar o pingüim procure coçar debaixo do bico, na região do pescoço e na nuca. Eles adoram. Procure agradá-lo, assim ele se acostuma com o seu toque e deixa de ter medo de você. Pingüins fazem amizade. É só dar um tempinho.


8) Troque sempre o jornal onde o animal estiver apoiado. Evite qualquer sujeira que possa atrair moscas. Se ele tiver restos de peixe ou fezes aderidas no corpo, lave-o com cuidado. Não dê banhos completos debaixo de torneira, nem o coloque em tanques, piscinas, etc. Isso só pode ser feito depois de uma semana de recuperação. Use um pano molhado, mas evite usar água gelada ou muito fria.


9) Pingüins petrolizados, isto é, sujos com petróleo, devem ser levados com urgência a uma clínica veterinária. Se isso não for possível, tente lavar o animal com água morna e sabão neutro. Não tente tirar todo o óleo de uma vez. A lavagem deve ser feita em etapas, um pouco por dia. Lembre-se: a pele do animal deve estar dolorida pelo ataque das substâncias químicas do petróleo e ele deve estar sentindo os efeitos da intoxicação. Vá devagar e com calma. Depois de cada banho o animal deve ser colocado em local aquecido, no sol ou sob uma lâmpada. O calor do corpo de um pingüim é mantido pelas penas, que ele impermeabiliza com uma substância parecida com cera produzida por uma glândula especial perto da cauda. Quando ele está sujo de óleo não consegue aplicar esta proteção e começa a perder calor. Com os banhos, o petróleo é retirado aos poucos, mas a umidade que fica nas penas e na pele é perigosa. Portanto, seque-o muito bem e mantenha-o aquecido.

10) O pingüim pode estar infestado por vermes e alguns têm lesões internas devidas à ingestão de petróleo. Com o estresse da manipulação inicial, do cativeiro e da exaustão, estes problemas se agravam. Por isso ele deve ser encaminhado logo para uma instituição onde haja profissionais capacitados para cuidar deles. Além disso, ele é um animal gregário, isto é, vive em bandos de centenas de outros iguais a ele. A companhia de outros pingüins ajuda na recuperação.

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