PARIS - Paris se viu diante de um intenso ataque terrorista coordenado nesta sexta-feira, deixando pelo menos 129 pessoas mortas, além de um número ainda maior de feridos. Homens armados abriram fogo em vários pontos da capital francesa. Também ocorreram três explosões do lado de fora do Stade de France, onde a seleção de futebol do país jogava um amistoso contra a Alemanha. Três pessoas morreram no entorno do estádio, disse a polícia. Mais de cem reféns foram mortos dentro do teatro Bataclan durane um show. Cinco agressores foram neutralizados, segundo a procuradoria parisiense, mas outros estariam livres. A França abriu um alerta vermelho. Ao menos dois brasileiros ficaram feridos nos ataques, informou a embaixada. As autoridades francesas estão atualizando o número de mortos nos ataques terroristas, que deve aumentar.
Um ataque armado com fuzis Kalashnikov no 10º
arrondissement de Paris deixou mortos e feridos, segundo a polícia da capital
francesa. Pelo menos um homem com a arma automática teria invadido o loca.
Estimativas davam conta de quatro a dez pessoas que morreram no restaurante Le
Petit Cambodge.

Um jovem saiu de casa, a poucos passos da Rue de
Charonne, e disse: "Eu saí para dar uma volta tarde nesta sexta-feira e vi
o horror, os corpos sem vida na rua, e as pessoas jogando lençóis de suas
janelas para cobrir os corpos... Isto é uma guerra na minha casa. Posso entrar
em casa, e eu ainda estou bloqueado."

A polícia relatou um terceiro tiroteio, com 15 mortos, e
reféns no próprio Bataclan, segundo a France24. O episódio ocorreu no meio do
show da banda Eagles of Death Metal, do vocalista do Queens of the Stone Age,
Josh Homme. Ele não estava na turnê, no entanto.
Testemunhas disseram que pessoas entraram atirando a esmo
no local, e funcionários da polícia falaram em cem reféns. Ao menos 30 foram
libertados, e um refém pediu pelas redes sociais que a polícia invadisse o
local, porque os jihadistas teriam prometido matar "um a um".

Um jovem que se identificou como Hervé disse ao
"Telegraph" que havia cerca de mil pessoas no local, e que três
jovens de pouco mais de 20 anos entraram atirando com kalashnikovs. Outras
testemunhas falaram que o cenário era de carnificina.
"Foi um caos. Eu estava à direita no salão do
Bataclan, uma canção de Eagles of Death Metal estava acabando quando ouvi
barulhos como explosão de fogos de artifício. Vejo o cantor suspender a
guitarra, me viro e vejo um cara armado com uma arma automática disparando para
o ar. Todo mundo se deitou no chão. A partir daí, é o instinto que assume a
cada explosão e tentamos rastejar o mais longe possível dos atiradores (não
posso te dizer o número, tudo aconteceu muito rápido)", disse outra
testemunha ao "Le Figaro".
A região fica perto do antigo escritório do semanário
satírico "Charlie Hebdo", onde 12 pessoas foram mortas por
terroristas islâmicos em janeiro. Os agressores foram ouvidos também atribuindo
a culpa do ataque à ajuda francesa na intervenção militar ocidental em Iraque e
Síria.
EXPLOSÕES

A polícia falou que as três explosões foram atentados
suicidas, e disse que ao menos cinco pessoas morreram no entorno do local.
Durante a manhã, uma ameaça de bomba contra o hotel da seleção alemã forçou a
retirada dos presentes no estabelecimento, mas não foram encontrados
explosivos.
Um quarto tiroteio aconteceu ainda no principal shopping
de Halles, depois dos demais ataques. O local é muito movimentado, e é tido
como um dos principais estabelecimentos no coração da cidade.
ALERTA VERMELHO
Hollande já começou a tomar medidas de urgência com seus
ministros para avaliar a situação. Ele foi diretamente ao Ministério do
Interior para reunir seu gabinete de crise.. Em um anúncio em rede nacional,
ele anunciou que as fronteiras foram fechadas e o país está mantendo alerta de
vigilância máxima.
— Saberemos vencer mais uma vez o terrorismo — declarou o
presidente.
Ao decretar alerta vermelho, o país mobilizou 1.500
soldados para a capital. Muitos deles retiveram pessoas perto do Stade de
France e do Bataclan.
Nas últimas semanas, especialistas advertiram que ataques
islâmicos sem precedentes estavam sendo orquestrados contra a França e que
seria praticamente impossível desarticulá-los.
— A temperatura subiu. Hoje, o objetivo deles foi usar o
tempo para que a mídia pudesse acompanhar o evento, transmitindo ao vivo para o
máximo de publicidade — confidenciou, recentemente, um alto-funcionário da
divisão contra o terrorismo. — Tememos que os ataques com Kalashnikov vão
durar.
A American Airlines, maior companhia aérea do mundo,
disse que adiou seus voos para Paris.
"O aeroporto Charles de Gaulle internacional está
atualmente aberto, mas suspendemos os voos noturnos à espera de informações
adicionais", disse um porta-voz da American Airlines.
A United Airlines disse que seus três voos programados
para Paris a partir de Chicago, Newark e Washington estão previstos. A Delta
Air Lines se recusou a comentar.
SOLIDARIEDADE
Após os ataques, vários líderes europeus se pronunciaram
em solidariedade e expressando consternação.
"Estou chocado com os eventos esta noite em Paris.
Nossos pensamentos e orações estão com os franceses. Iremos fazer o que for
preciso para ajudar", disse o primeiro-ministro britânico, David Cameron.
— Uma vez mais vimos uma tentativa de aterrorizarcivis.
Não é só mais um ataque contra a França, mas estamos preparados para dar
qualquer ajuda necessária — disse o presidente Barack Obama. — Sairemos por
cima do ódio de alguns.
"Consternada pela barbárie terrorista, expresso meu
repúdio à violência e manifesto minha solidariedade ao povo e ao governo
francês", afirmou a presidente Dilma Rousseff pelo Twitter.
Fonte: Jornal O Globo
Fotos: G1
Fonte: Jornal O Globo
Fotos: G1