Reflexões sobre a internet.
Convidamos os leitores deste Blog a lerem o que escreveu sobre a internet, o jornalista Vitor Menezes no jornal Monitor Campista de 24.08.08. Leia outros textos do autor aqui na Gaveta do Povo.
A virada da internet
Vitor Menezes
Quando, lá pela segunda metade dos anos 90, alguns entusiastas da internet faziam elogios a um mundo em rede, a uma comunicação mais horizontal, a uma mídia mais interativa e menos impositiva, vez por outra também se ouvia o resmungo de que tudo isso era uma fantasia da globalização, uma bem arquitetada estratégia de dominação do mundo pelas grandes corporações.Na primeira metade do século XX, também houve muito resmungo com relação aos efeitos nocivos da televisão — e, já naquela época, da alienação provocada pela massificação da informação.Antes disso, a igreja Católica havia proibido livros feitos pela invenção que inicialmente apoiara, a prensa de Gutenberg. E muito mais anteriormente ainda, não faltou quem tivesse visto na escrita um certo processo de decadência da cultura, que prejudicava a memória individual em um ambiente onde o conhecimento era passado pela oralidade (o que diriam hoje, então, do google?).Diferentemente do que pode parecer, todo este raciocínio não é uma irrefletida constatação de que inevitavelmente os avanços tecnológicos na comunicação são benéficos. O papel da crítica, nem sempre bem compreendida, é vital inclusive para que a mudança se dê de modo mais consistente.Além disso, o fato de algo ter sido superado não significa necessariamente que ele representava o pior para a sociedade. Era apenas um aspecto da vida social diferente em outro contexto histórico.Mas é difícil não ver na ampliação das possibilidades de comunicação uma certa confirmação da hipótese de que a participação política na vida pública se amplia, auxiliada pela propagação da informação.Por mais persistentes que sejam os muitos problemas com os quais convivemos, por mais desconfianças que é possível haver em relação ao fato de que poucas empresas são responsáveis pela maior parte do conteúdo acessado na internet, não deixa de ser animadora a informação de que, em 2009, o Brasil passará a ter mais da metade da população com acesso à rede, cerca de 90 milhões de pessoas.Como mostrou matéria da Carta Capital (edição do último dia 13), o país é o que tem usuários com maior tempo médio de utilização da internet — 22,5 horas mensais —, à frente da França (20,1), Estados Unidos (19,3), Japão (19,1) e Alemanha (17,5), entre outros do dito “primeiro mundo”.Algumas cidades — como Quissamã (RJ), lembrada na matéria — garantem internet gratuita para seus habitantes e, mesmo onde isso não se dá, a propagação das lans houses permitem ao menos alguma forma de acesso, especialmente nos bairros mais pobres.Estamos, portanto, diante de um novo ambiente criado — como diria McLuhan. E é auspicioso pensar em tudo o que pode ser feito com ele.
Publicado pelo Monitor Campista - 24.08.08
Quando, lá pela segunda metade dos anos 90, alguns entusiastas da internet faziam elogios a um mundo em rede, a uma comunicação mais horizontal, a uma mídia mais interativa e menos impositiva, vez por outra também se ouvia o resmungo de que tudo isso era uma fantasia da globalização, uma bem arquitetada estratégia de dominação do mundo pelas grandes corporações.Na primeira metade do século XX, também houve muito resmungo com relação aos efeitos nocivos da televisão — e, já naquela época, da alienação provocada pela massificação da informação.Antes disso, a igreja Católica havia proibido livros feitos pela invenção que inicialmente apoiara, a prensa de Gutenberg. E muito mais anteriormente ainda, não faltou quem tivesse visto na escrita um certo processo de decadência da cultura, que prejudicava a memória individual em um ambiente onde o conhecimento era passado pela oralidade (o que diriam hoje, então, do google?).Diferentemente do que pode parecer, todo este raciocínio não é uma irrefletida constatação de que inevitavelmente os avanços tecnológicos na comunicação são benéficos. O papel da crítica, nem sempre bem compreendida, é vital inclusive para que a mudança se dê de modo mais consistente.Além disso, o fato de algo ter sido superado não significa necessariamente que ele representava o pior para a sociedade. Era apenas um aspecto da vida social diferente em outro contexto histórico.Mas é difícil não ver na ampliação das possibilidades de comunicação uma certa confirmação da hipótese de que a participação política na vida pública se amplia, auxiliada pela propagação da informação.Por mais persistentes que sejam os muitos problemas com os quais convivemos, por mais desconfianças que é possível haver em relação ao fato de que poucas empresas são responsáveis pela maior parte do conteúdo acessado na internet, não deixa de ser animadora a informação de que, em 2009, o Brasil passará a ter mais da metade da população com acesso à rede, cerca de 90 milhões de pessoas.Como mostrou matéria da Carta Capital (edição do último dia 13), o país é o que tem usuários com maior tempo médio de utilização da internet — 22,5 horas mensais —, à frente da França (20,1), Estados Unidos (19,3), Japão (19,1) e Alemanha (17,5), entre outros do dito “primeiro mundo”.Algumas cidades — como Quissamã (RJ), lembrada na matéria — garantem internet gratuita para seus habitantes e, mesmo onde isso não se dá, a propagação das lans houses permitem ao menos alguma forma de acesso, especialmente nos bairros mais pobres.Estamos, portanto, diante de um novo ambiente criado — como diria McLuhan. E é auspicioso pensar em tudo o que pode ser feito com ele.
Publicado pelo Monitor Campista - 24.08.08
Um comentário:
Prezado Paulo Noel,
Que bom saber que o Brasil é o país que tem usuários com maior tempo médio de utilização da Internet. Isto quer dizer, em minha opinião, que o povo brasileiro está sedento de conhecimento e aprendizado.
Acredito que a Internet, em pouco tempo, com 90 milhões de usuários no Brasil, haverá de levantar o grau intelectual do nosso povo permitindo a todos aprofundar os nossos conhecimentos e abrir novos horizontes em matérias ainda por nos desconhecidas.
A internet também traz divertimento, possibilidades de intercambio de idéias, comunicação entre amigos e familiares, e apesar de apresentar problemas por uso indevido de pessoas que sempre acham uma maneira de prejudicar o seu próximo, que esta invenção será muito benéfica para todos os seres humanos. É muito importante que todos os usuários, especialmente crianças e jovens, sejam avisados dos perigos existentes em alguns sites.
Espero que o próximo dirigente do Município de São Francisco de Itabapoana siga o exemplo de Quissamã e garanta o acesso a Internet para todos os seus habitantes, mesmo não sendo gratuito. Em muitas localidades é ainda muito difícil acessar a Internet aqui.
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