domingo, 25 de novembro de 2007

Onda de assaltos e roubo em SFI traz comandante do 8º BPM à cidade para debate em emissora de rádio sobre segurança pública.



















Moradores de SFI, preocupados com a onda de assaltos a residência, roubos de carros e motos ouviram atentos, na rádio comunitária da cidade, (Rádio São Francisco FM) as explicações do Coronel Gelesi Vieira, comandante do 8º BPM em Campos dos Goytacazes que aceitou convite da emissora para um debate sobre segurança publica no município. O coronel chegou ao município, em carro particular, pontualmente ao meio dia, conforme havia combinado com os dirigentes da Rádio. Foi numa sexta-feira, 23-11-07, no dia em que, por coincidência, a PM estava com muito serviço em Campos dos Goytacazes por conta da prisão de três homens, entre eles dois policiais militares, lotados no 8º Batalhão de Polícia Militar (BPM). Eles foram detidos, suspeitos de terem praticado um roubo de carga da empresa Souza Cruz, na última quarta-feira (21), em Cardoso Moreira. Antes de entrar no estúdio da emissora o celular do Coronel Gelesy Vieira não parava. Ele somente se limitava a informar, naquele momento, que algo muito grave estava acontecendo em Campos. “Estou triste com a informação, mas vamos cumprir nosso dever e logo vocês vão ficar sabendo o que está acontecendo” disse o coronel.

O debate contou com as presenças do advogado Enaldo Vieira Barreto; da presidente do Conselho Comunitário de Segurança Pública de SFI, Edneia Correia Mansur Tardely e de representantes das Associações de Moradores de Santa Clara, Guaxindiba e Buena. Participou também, a gerente de um hotel na beira mar em Santa Clara Rita de Cássia e do comunicador e radialista Paulo Noel que conduziu a entrevista. Ao final do debate o Coronel Gelesy Vieira, recebeu das mãos da presidente do Conselho Comunitário de Segurança Pública de SFI um relatório completo do último encontro realizado pela entidade com a participação de autoridades e representantes da comunidade.

Rádio São Francisco FM – Coronel Gelesi Vieira, qual a área de competência do 8º Batalhão de Policia Militar sediado em Campos dos Goytacazes?

Coronel Genesy Vieira - “O 8º BPM cobre o município de Campos dos Goytacazes (cuja extensão territorial ultrapassa a 4 vezes a cidade do Rio de Janeiro), São Francisco de Itabapoana, São Fidelis, Cardoso Moreira e São João da Barra”

Rádio – As viaturas dos Destacamentos de Policia Ostensiva (DPO) de SFI estão constantemente apresentando defeitos e inoperantes. Quando teremos viaturas novas e o aumento do efetivo policial?

Coronel - Na história da PM, não só em nossa região, mas em todo o Estado do Rio de Janeiro, em qualquer época, o efetivo da Policia Militar (PM) sempre esteve abaixo das necessidades, até porque o Estado tem as suas limitações. O Estado administra hospitais e administra escolas, ou seja, não administra só a PM , e, tudo é prioridade: escola é prioridade, saúde é prioridade ,e, segurança pública, também é prioridade. Os recursos, evidentemente, eles são distribuídos de forma a atender não só a área da segurança publica. E, dentro da segurança publica a policia militar. Então, nós trabalhamos com recursos humanos e com recursos materiais que nós possuímos. E também não há renovação destes recursos em termos de efetivo e material. Quando me refiro a material, é preciso que fique claro que a PM não trabalha só com viaturas. Trabalha com coletes, com armamentos e todo o complexo de armamento que representa despesas para o Estado. Não é apenas o homem escalado para se colocar de serviço. Logicamente que num destes contextos temos que ter uma visão de gerenciamento num nível mais profundo e não como se o órgão fosse isolado de todo contexto. Ele não é. Está dentro do sacrifício a que são submetidos todos os outros órgãos públicos.

Rádio - Então o efetivo hoje está abaixo das necessidades da corporação, não é o ideal?

Coronel - O Ideal seria um policial em cada rua. Em frente de todas as escolas, de frente para todas as lojas comerciais. Quando é que nos vamos ter isto? Nem nos EEUU existe uma coisa dessas. Mas estamos evoluindo. Por exemplo: No Rio de Janeiro, já existe sistema de monitoramente nos grandes centros, onde o avanço tecnológico, trabalhando com a parte operacional do homem aplicado na pista, já se consegue suplantar o problema de falta de efetivo. E, auxilia muito, no sentido não só de prender, mas, de executar uma missão imediata e até constituindo provas em futuros inquéritos, em auxilio a policia civil.

Rádio - É a questão das viaturas?

Coronel: Com relação às viaturas, nós realmente estamos em dificuldades. Mas, a situação é a mesma em todo o Estado do Rio. A PM está adquirindo mais de 600 viaturas através do Governo do Estado, Secretaria de Segurança Publica. Estas viaturas deverão, a maior parte delas, serem aplicadas na capital. Vai ser um sistema moderno de leasing onde a PM não vai precisar consertar viaturas com defeitos ou acidentadas dentro do quartel. Por exemplo: se uma viatura “bater”, ela será enviada a uma determinada empresa, e, a empresa, imediatamente coloca outra no lugar. Se demorar muito tempo, tem que deixar uma zero para trabalhar. Vamos começar com este novo sistema, de leasing agora, no ano que vem. Além destas teremos disponibilizadas as viaturas que atuaram na força de segurança nacional durante os jogos do Pan, que já foram transferidas para o Estado recentemente. Eu, realmente não sei quantas viaturas o batalhão vai receber. Mas, com certeza, o 8º BPM não ficará de fora.

Rádio - Quantas viaturas estão funcionando hoje, em perfeito estado de conservação, nos DPOs de SFI?

Coronel - Não posso dizer que em perfeito estado. As viaturas possuem mais de seis anos de uso e elas frequentemente precisam de manutenção. Às vezes conserta-se um defeito e aparece outro. Realmente não estamos com as viaturas em perfeita condições.

Rádio - Mais o senhor, tem um numero, hoje, das viaturas em funcionamento em SFI, as que estão a serviço dos DPOs?

Coronel - Temos um numero, mas não é suficiente. Temos até destacamentos que carecem de viaturas. Muitas vezes, não temos nem outra para colocar no lugar.

Rádio - Quantos DPOs estão sem viaturas em SFI?

Resposta - Olha, na Rádio eu prefiro não mencionar. Mas, temos distritos que estão com dificuldades sem viaturas, porque nós não temos outra para substituir a que está com defeito.

Rádio - Até o verão, o senhor acredita que esta situação e esteja resolvida?

Coronel - Esperamos e acreditamos que sim.

Rádio - Os bandidos estão cada vez mais audaciosos. Tem sido freqüente assaltos à residência, fazendo as vitimas reféns, com ameaças e invasão até na luz do dia. Estas invasões, quando aconteciam nas praias, eram feitas à noite, com casas vazias só com prejuízo material. Hoje, temos vários registros com assalto a residência com pessoas dentro de casa. Uma invasão de um lar, não pode se dizer que é algo tolerável. As famílias são agredidas fisicamente e a maior incidência destes crimes vem ocorrendo em residências nas praias dos Sonhos, Sossego e Santa Clara, sem falar nos carros e motos roubados. Dois destes roubos de carros aconteceram enquanto as vitimas dormiam com os bandidos serrando correntes e cadeados de portões de garagens, para roubarem os carros. Os crimes que estão ocorrendo hoje em SFI estão comprados a crimes praticados nas grandes cidades. O que o senhor tem a dizer?

Coronel - Os senhores sabem que os PMs, que trabalham aqui na região, prenderam, recentemente, pessoas e aprenderam armas? Todos os presos estão envolvidos em roubos de casas em SFI. Ocorre, que nem sempre os flagrantes são registrados aqui em SFI. São levados para SJB ou concluídos até em Campos na 146º DP. Houve roubo de residências aqui, e os marginais foram presos lá em Travessão de Campos, no quilometro 13, e foram autuados. Em um ponto comercial, em que houve assalto com uso de violência, os ladrões foram presos, não em SFI. Mas eles foram presos, e, parte do material recuperado. Reconheço que precisamos melhorar aqui em termos do que está acontecendo. Mas, não é que os bandidos estão vindo de grandes centros. Os que foram presos não são de SFI, principalmente estes que assaltaram aqui e foram presos próximo a Travessão de Campos. São pessoas que vieram de grandes centros, maior que São Francisco, mas não do Rio vieram, de Campos.

Rádio- Há possibilidade do patrulhamento da PM em convênio com a Guarda Municipal?

Coronel- A guarda municipal tem uma missão especifica: proteger o próprio municipal e também trabalha no transito urbano. A interação, ela sempre existe, não há nenhuma dificuldade. As pessoas que estão aqui à frente da Guarda conhecem o nosso trabalho. Existe um relacionamento institucional, no caso da PM com a Prefeitura de SFI sem nenhuma limitação em termos de colaboração e auxilio mutuo. Evidentemente que o efetivo da guarda não é muito grande, tem um efetivo pequeno. Mas nós trabalhamos , principalmente no verão.

Rádio- É possível a realização pela policia de “blitz”, em frente aos DPOS, principalmente nos finais de semana objetivando inibir a ação dos bandidos?

Coronel- Não só podem como devem e nada impedem que as “blitz” aconteçam.

Rádio- Mas, o Senhor tem que autorizar as “blitzes”?

Coronel- Posso autorizar em termo de operação policial. Mas se eles (os policiais) perceberem que há alguma suspeita e resolvem fazer uma abordagem nada também impede. Eu vou conversar com o chefe de sessão de planejamento operacional, já que a comunidade esta sentido a falta dessa atividade policial.

Rádio- O Senhor tem uma previsão para resolver a situação das viaturas em SFI?

Coronel- Olha eu participo de reuniões no Rio de Janeiro, e estou ouvindo que eles vão fazer remanejamento de muitas viaturas. Poderá vir viaturas novas e até mesmo viaturas em boas condições em razão das novas que vão ser aplicadas no Rio de Janeiro.

Rádio- Mas para quando?

Coronel- Estamos esperando para muito breve.

Rádio- Viaturas que atuaram na Força de Segurança Nacional durante jogos “pan americanos” poderão vir para SFI?

Coronel- Tenho esperança que sim. Na época do Pan, ficaram duas aqui na 3º Cia do 8º BPM de SFI, que trabalharam na operação divisa com o Espírito Santo.

Rádio- Chegou ao nosso conhecimento, através de Associações de Moradores das praias de SFI que alguns quiosques da orla, depois de interditados pela Justiça Federal, estão sendo transformados em pontos de drogas e prostituição. A PM tem conhecimento destes tipos de crime? Que ação pode executar a PM para impedir mais este crime?

Coronel- É bom tomar conhecimento de alguns fenômenos que acontecem aqui, especificamente estes casos agora comentados, porque já é uma coisa previsível de que algumas pessoas dada a pratica delituosa se aproveitem da ausência dos antigos proprietários e venham a tentar utilizar a cobertura destes imóveis ou até mesmo provocar danos entrando para outro tipo de uso. Vamos monitorar isto. Vamos fazer um acompanhamento permanente de modo a que possamos detectar qualquer fato que venha a constituir um ilícito penal. Foi boa a informação que recebi.

Rádio– O 8º BPM já começou um planejamento para o verão em SFI.

Coronel: Evidentemente que sim. Talvez os senhores não saibam, mas neste final de semana não emiti “nada-opor” para eventos que estavam acontecendo aqui, além de ter, de acordo com a legislação vigente, determinado a interdição do evento. Existe toda uma burocracia a ser observada, toda uma medida de segurança a ser observada, uma legislação também, uma regulamentação. O próprio Ministério Público aqui monitora isso e nos informa também. Logicamente, que estas medidas podem atrapalhar algum tipo de comercio, mas, tem que ser feito. Na questão do planejamento para o verão, já estamos estudando. O 8º PBM não pára de trabalhar estes dados. Não temos, não vou enganar ninguém, multiplicação de homens. Os policiais nossos, quando trabalham nestes eventos de shows ao “ar livre”, eles trabalham na folga, eles são escalados nos períodos de folgas dele por questão de regime estatutário, quando agente sabe que, em qualquer empresa, a pessoa tem hora extra, adicional. Mas, o policial militar não. Não sei se vocês conhecem alguma empresa em que o trabalhador ultrapassando o horário de trabalho não ganhe hora extra. A PM que os senhores observam nas ruas, trabalhando janeiro e fevereiro, em função do bem estar social, se submete a este sacrifício em razão regime militar para atender o clamor e a necessidade publica. Eles não param de trabalhar. Até o pessoal que trabalha internamente, também sai para ser aplicado nos reforços dos policiamentos extraordinários. Quando os senhores vêm chegar um ônibus com policiais de Campos, à noite, reforçando a orla marítima em função de algum show, todos aqueles ali, estão vindo na folga. Neste verão não vai ser diferente vai acontecer de novo, porque é uma necessidade. Mas é a realidade. É importante que se entenda, que a corporação faz grande esforço para dar conta de sua responsabilidade.

Rádio- Durante o período de verão a PM chegou a montar um QG em imóvel alugado nas praias de Santa Clara e Guaxindiba de onde, estes DPOs improvisados, comandavam as operações nas praias do litoral sanfrancisco. Este ano, no planejamento de operações para o verão, vai ser incluindo estes imóveis de apoio a Policia Militar?

Coronel- A PM nunca alugou imóvel nenhum para trabalhar próximo da praia. Sempre houve um trabalho integrado com o poder publico municipal que cedia um espaço para a policia trabalhar e algumas das vezes, lá também, se abrigava a guarda municipal quando se criou a guarda. O comandante anterior a partir do momento que tomou conhecimento que existiam processos em andamento interditando os quiosques, ele não aceitou mais aqueles imóveis. Mas, se for alocado algum imóvel próximo, que não sejam estes que tenham pendências judiciais, nos não teremos nenhum dificuldade em fazer um planejamento adequando para ajustar a situação de apoio.


Rádio- Tem como a PM manter um plantão na entrada da cidade no portal? A comunidade pede, também, uma operação policial com patrulhamento e fiscalização do trecho da RJ-224 que liga a cidade até Barra do Itabapoana, numa integração das policias militar e o BPRV. É possível?

Coronel- Não há dificuldades. Vou até absolver aqui a sugestão dada no início desta entrevista. Eu acho, que podemos intensificar muito mais a fiscalização e cobrar mais as operações realizadas próximos aos locais dos Destacamentos, não só o de Santa Clara, mas todos que levam até Barra do Itabapoana que estão em posições estratégicas para realizar estas operações.

Rádio- Som automotivo e motos com descargas abertas. Tem como a PM intervir fiscalizando este tipo de ocorrência?

Coronel- Sim. Agora temos que avançar junto com a municipalidade. O ideal, e a Lei permite, é que a municipalidade estruture um depósito administrativo voltado para recolhimento dos veículos, já que a guarda municipal é encarregada do transito no perímetro urbano. Feito isso, depois de autorizações de verbas, orçamento, montando o depósito é feito um convênio junto com o comando geral da corporação em que a PM passa a atuar naquele deposito colocando até policiais para fazer o controle. O carro, ao ser recolhido, se em 90 dias não for resolvido o problema poderá o agente publico até colocar em leilão. Para resolver problema de transito, tem que haver depósito. Só a notificação não é o suficiente. É um entrosamento entre Governo Municipal, Estadual e a Policia Militar como braço desta parceria. O coronel Amiltom, presidente da Emtrasfi,(Empresa municipal de trânsito de SFI) certamente tem visão disto, e sabe como pode acontecer para dar orientação ao poder publico municipal.



Rádio- Desta entrevista, vamos recapitular os fatos positivos, de tudo que ficou alinhavado e os pedidos que foram feitos aqui na Rádio em busca de soluções para a área de segurança. Por exemplo: No portal da cidade, a implantação de um plantão policial nos finais de semana em conjunto com o BPRV, as blitzs promovidas pelos policias nos DPOs; fiscalização com patrulhamento da RJ-224, entre a cidade e Barra do Itabapoana; fiscalização dos pontos de fuga no município, chegada das viaturas para renovação da frota atual que está sucateada e aumento do efetivo policial no verão. A Rádio agradece, coronel, sua presença e a entrevista.

Coronel - Podemos avançar em tudo que foi abordado aqui, estudando a situação da aplicação do efetivo e depois fazendo os contatos necessários. Com relação ao portal da cidade, é um local que foi feito pela prefeitura para ser colocada a Guarda Municipal, para divulgar os eventos turísticos do município, mas também é um ponto que já serve para este tipo de ação. O BPRV pela posição que ocupa, do Posto de Imburi, já está contribuindo de certa maneira para prevenção, já que está no caminho por onde os turistas passam com destino as praias. Com relação a todos os outros assuntos aqui abordados, vou analisar e colocar imediatamente em prática.


Rádio – Coronel, uma última pergunta: como é que o senhor analisa o que foi passado nas telas do cinema sobre a Polícia Militar e o BOPE, no filme Tropa de Elite? É uma visão real do BOPE ou aquilo é fictício? Qual a opinião do senhor com relação a este filme que tem gerado tanta polêmica?

Coronel - Olha, o nosso comandante geral, o coronel Ubiratã, uma vez, em uma reunião com os coronéis, disse que quando lhe fizeram esta mesma pergunta ele deu a seguinte resposta: vocês estão me perguntando a respeito de uma ficção, então se é ficção, não é realidade. A policia toma suas providências, com dados em fatos reais. Os próprios autores e escritores dizem que aquilo é uma ficção. Se é ficção, então eu não respondo. Se eles, os autores e roteiristas disserem que é uma realidade, que está acontecendo, eu tenho a obrigação de responder. Mas se estão dizendo que é ficção, não tenho o que responder.

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