sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Governo admite que houve precipitação no decreto de desapropriação de terras no quinto distrito de SJB


Durante encontro no sítio do Birica, no quinto distrito de São João da Barra, ontem, 20, o secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico admitiu ter havido precipitação na edição de um novo decreto e garantiu para os quase mil moradores e produtores rurais presentes, que “não haverá qualquer desapropriação antes da realização do levantamento socioeconômico”. Julio Bueno prometeu ainda que as desapropriações, caso ocorram, levarão em conta as alternativas sociais e econômicas para os moradores, bem como justiça no preço pago pelos imóveis. Acompanhado da subsecretária de Desenvolvimento Econômico, Renata Cavalcanti; da subsecretária de Política e Planejamento Ambiental, Elizabeth Lima; do subsecretário de Obras, Vicente Loureiro; da presidente da Codin – Companhia de Desenvolvimento Industrial do Estado do Rio de Janeiro, Estela Almeida e do diretor do Inea – Instituto Estadual do Ambiente, André Ilha, Júlio Bueno afirmou que é necessário haver desenvolvimento, mas foi enfático ao admitir que “é necessário garantir os ativos naturais e as pessoas”. Bueno reconheceu que qualquer ação do Estado no município deveria ter a concordância da Prefeitura e dos moradores. Ele mesmo afirmou que o governo estadual havia firmado o compromisso com o governo municipal, mas assegurou que essa é uma página virada e daqui para frente, qualquer ação será realizada em conjunto. O secretário ressaltou também a importância do empreendimento, lembrando a retomada do processo de desenvolvimento econômico no Estado do Rio e no Brasil: “nós estamos aqui para virar essa página e iniciar outra. Precisamos reconhecer a importância desse empreendimento que traz uma nova lógica econômica para o Estado do Rio. O porto sozinho não se viabiliza, é preciso um condomínio industrial para que ele se sustente, mas ao mesmo tempo é necessária uma área verde, para garantir o conceito do desenvolvimento sustentável. Queremos o processo de desenvolvimento econômico, mas vamos garantir os ativos naturais e as pessoas. Juntos nós vamos encontrar os caminhos para resolver todas essas questões”, afirmou. Durante a reunião os produtores rurais e moradores da região manifestaram a preocupação com o futuro, diante da falta de informações. Dona Noêmia, proprietária do sítio do Birica, reclamou da falta de diálogo com o Estado. Para ela, todas as decisões com relação à destinação da área precisam ser compartilhadas com os moradores. Quem também falou em nome dos produtores foi Marcela Toledo, coordenadora da comissão Pró-Terra, que na semana passada se reuniu com o secretário Júlio Bueno, no Rio. A comissão Pró-Terra exibiu um vídeo com depoimentos de agricultores do quinto distrito, mostrando que a terra é produtiva e que dezenas de famílias tiram o sustento do campo.
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DESCONTENTAMENTO
O tom do descontentamento com a incerteza que estava tomando os moradores do quinto distrito foi dado pela prefeita Carla Machado na reunião com o secretário de Desenvolvimento Econômico, Júlio Bueno. Carla disse que o processo de desenvolvimento é importante porque gera empregos e cria oportunidades para a população, mas não pode significar prejuízo para a população de São João da Barra. A prefeita sugeriu ao secretário que o Estado firme convênio com a Defensoria Pública para acompanhar de perto a situação dos moradores da região. Ela anunciou também a criação de um braço da assistência jurídica do Município em Mato Escuro a fim de orientar e esclarecer os moradores.
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Entenda o que aconteceu e que motivou a reunião
Por meio de um novo decreto publicado ontem no Diário Oficial, o governo estadual retirou uma faixa de terra que compreende as localidades de Água Preta e Mato Escuro, no quinto distrito de São João da Barra, da área destinada ao distrito industrial do Complexo Logístico do Açu. A área excluída soma 4,8 milhões de metros quadrados, do total reservado à “área de utilidade pública para fins de desapropriação” visando a criação de um distrito industrial e é habitada por aproximadamente mil famílias da zona rural. A boa notícia chegou antes mesmo do início da reunião convocada para ontem, dia 20, pela prefeita Carla Machado (PMDB), com a comunidade e o secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico, Júlio Bueno. Para a prefeita Carla Machado esse é o primeiro passo no novo caminho a ser trilhado entre a Prefeitura, o Estado e os produtores rurais dentro do processo de desenvolvimento econômico que São João da Barra está vivendo com a construção do Complexo Logístico do Açu. Ela destacou que ninguém será tirado de suas terras sem que haja entendimento e principalmente, antes que seja feito o levantamento socioeconômico exigido pela Prefeitura, em maio deste ano. “Nós precisamos saber quem são as pessoas, o que elas fazem, se vivem ou não da terra, para depois encaminharmos soluções viáveis e justas”, afirmou a prefeita.A reunião com a presença de Júlio Bueno foi anunciada na semana passada, quando a prefeita esteve no Rio. O motivo da vinda do secretário de Desenvolvimento Econômico a São João da Barra é a situação enfrentada pelas famílias residentes no quinto distrito. Boa parte está inclusa nos decretos estaduais que delimitaram o polígono do Complexo Industrial do Açu. Nas reuniões que manteve no Rio com o secretário de Desenvolvimento Econômico, com a secretária de Ambiente, Marilene Ramos, e com o vice-governador Luiz Fernando Pezão, Carla manifestou discordância com a edição de um decreto antes da realização do diagnóstico socioeconômico. “Nós combinamos que nada seria feito antes do levantamento”, lembrou a prefeita. (Matéria e fotos: SECOM SJB)

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