"Quero ter um lugar com o mínimo de conforto e dignidade", diz.
A cerca de 3 quilômetros do Centro da cidade de São Francisco de Itabapoana, uma família composta por um casal e dois filhos, uma menina de 4 anos e um menino de 2 anos, transformou um baú de caminhão em sua residência.
— Vi que eles estavam morando em uma barraca de lona e, então,
sugeri que passassem a viver no Baú - conta Marcelo.
Na tarde desta sexta-feira, 31, uma
ouvinte da Rádio São Francisco FM, que havia relatado o problema à direção da
emissora, foi quem levou nossa reportagem ao local onde a família mora.
Esta ouvinte, que não quis se
identificar, sensibilizada com a situação da família decidiu pedir apoio da
imprensa. Ela já vinha ajudando com as amigas, na doação de alimentos e roupas
usadas.
Assim, na tarde desta sexta-feira,
31, fomos ver de perto a realidade da família que vive em extrema pobreza
dentro de um baú. Chegamos por volta das 17 horas, e, encontramos o casal ainda
sem almoço. Haviam se alimentado apenas com salgados e laranjas doadas por um
vendedor no centro da cidade.
— Estava juntando gravetos entre os tijolos para acender o fogo para
fazer café e assar uma carne de costela de boi, quando vocês chegaram — disse Charles, informando que aquele seria o almoço do dia.
O casal vive de forma precária: não
dispõe de banheiro. A água é fornecida em baldes por um vizinho retirada de
uma cacimba. Não dispõe de luz. O fogão é improvisado em tijolos em frente ao
baú onde duas panelas ainda sem lavar estavam com restos de alimento do dia
anterior.
Em frente ao terreno, eles
pretendem construir um barraco com dois pequenos quartos e um banheiro. O
alicerce já está pronto com ajuda de voluntários. Já conseguiram 1.500 tijolos
e 150 blocos de concreto. Mas só. Até agora não conseguiram erguer as paredes.
Segundo relato da mãe, a filha está
com problemas de saúde e precisa urgentemente ser levada ao médico. Quando
chegamos, o menino, segundo o pai, estava febril.
De acordo um radiodiagnóstico de
mãos e punho analisado pelo médico radiologista Silvio Eduardo Neves Cabral, a menina
de 4 anos apresenta idade óssea compatível com 2 para 3 anos segundo os padrões
de Gleulich-Pyle. Ela tem consulta marcada para o dia 18 de agosto em Campos
dos Goytacazes com uma clínica de endocrinologia e metabologia.
— Não posso perder esta consulta. Tenho que dar um jeito de levar minha
filha em Campos — conta Elenice, que reclama de falta de dinheiro para a passagem.
A menina está na creche. Agora a mãe luta para conseguir vaga para o
filho.
— Preciso trabalhar, eu e meu marido. Sei que está difícil emprego. Mas
vou tentar. Para isso, preciso que meus dois filhos estejam numa creche.
Como é morar em um baú? Indaguei ao casal.
— É muito ruim. É abafado, não tem espaço para guardar as coisas. A
noite dormimos todos embolados em dois colchonetes — conta.
Sobre os planos para o futuro.
— Quero ter um lugar com o mínimo de conforto e dignidade. Uma casa com
guarda-roupas, um banheiro que possa tomar banho de chuveiro. Quero junto com
meus filhos ver programa na televisão. Quero ter as coisas normais que todos
têm. Quero viver com dignidade — concluiu.
O Blog publica um vídeo do que foi a reportagem produzida para a Rádio
São Francisco FM e o Blog do Paulo Noel. Confira. Quem puder ajudar esta família,
favor fazer contato com o Blog do Paulo Noel, pelo telefone 22 – 9.9915.2187 ou
pelo e-mail radiosaofrancisco@gmail.com.
Nenhum comentário:
Postar um comentário