Um dos maiores resgates
culturais de São João da Barra vai ocorrer durante a programação da Semana
Santa. A Procissão do Fogaréu – que já tinha registro no jornal sanjoanense ‘O
Progressista’, de 26 de março de 1879 – acontecerá este ano, coincidentemente,
na mesma data, pelas principais ruas, praças e igrejas do centro histórico da
cidade. A publicação do referido jornal citava: “Nesse mesmo dia, pelas 7 horas da tarde, haverá as solemnes Matinas de
Trevas, e findas estas, terá lugar o Mandato, ou Lava-pés, seguindo-se, depois
de tudo isto, a Procissão do Fogaréu”.
O projeto faz parte das
diretrizes da política de ‘Memória Cultural’ desenvolvida pela coordenação
geral de Cultura do município que, na procissão, tem a importante parceria da
Irmandade de São João Batista. No Brasil, a Procissão do Fogaréu mais conhecida
é realizada em Goiás Velho que levou ano passado cerca de dez mil turistas ao
evento.
A Procissão do Fogaréu de São
João da Barra começará às 20h30, do dia 26 de março (terça-feira), com concentração
na porta da Igreja de São Pedro. A procissão encena a perseguição dos soldados
romanos a Jesus. Com as luzes do trajeto apagadas, 50 farricocos sairão
descalços com indumentárias de cetim e conduzindo tochas durante o percurso até
a Igreja Matriz de São João Batista, que representa o Monte das Oliveiras. No
meio do caminho é feita a parada na "Última Ceia", já dispersa, em
frente à Igreja de São Benedito, local onde haverá o diálogo entre o Hospedeiro
e a Guarda Romana que procura Cristo. Os interessados em participar como
farricocos já podem se inscrever na secretaria paroquial da Igreja São João
Batista. As vagas são limitadas e voluntárias.
A procissão segue seu caminho tendo como música a batida dos surdos, caixas e matracas, que marcam o ritmo de caminhada dos farricocos que, às vezes, parecem mesmo correr, lembrando uma verdadeira perseguição. Na Igreja Matriz (Monte das Oliveiras) acontece o diálogo do Horto, narrado por São João Evangelista. Quando termina, os tambores silenciam e um toque de clarim anuncia a prisão de Cristo que será representado por um estandarte de tecido cuja efígie é estampada nas duas faces. Na porta da igreja haverá uma homilia feita pelo pároco Gustavo Ribeiro sobre o ocorrido. Posteriormente, a procissão segue em silêncio pela Rua do Rosário até a Igreja da Boa Morte, onde as tochas são apagadas e recolhidas, bem como, é deposto o estandarte.
Segundo Bruno Costa,
coordenador geral de Cultura, o aval do prefeito Neco nesta proposta de resgate
foi de suma importância para sua viabilidade. “Continuamos vislumbrando uma
política cultural séria e comprometida com a identidade e costumes do município.
Este processo de ressignificação da Procissão do Fogaréu, um evento ocorrido em
São João da Barra no passado, vai mobilizar atores locais e também será um
importante mecanismo de desenvolvimento econômico a partir do turismo, isso sem
contar com as vertentes socioculturais”, ressalta.
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