Episódio retrata bem as desastrosas interações entre o homem e a natureza
Moradores acionaram o Tamar e o CTA, que compareceram ao local |
Que o homem interfere no meio ambiente, prejudicando a
natureza das mais diversas formas, todos já sabem, não é uma novidade, mas o fato
que o Blog mostra nesta postagem ilustra bem essa interação desastrosa.
Por volta das 6 horas da manhã desta segunda-feira,
05/10, na Praia de Manguinhos, Litoral de São Francisco de Itabapoana,
moradores flagraram uma Tartaruga Cabeçuda enorme desovando, ou melhor, tentando
desovar.
Por extinto as tartarugas sabem que precisam fazer os
ninhos em local seguro, onde as ondas não alcançam. O problema é que em
Manguinhos as tartarugas sobem o barranco de areia e encontram as famigeradas construções.
O animal entrou em um terreno murado, e, devido à vegetação
presente no local, não conseguiu fazer o ninho para depositar os ovos. Desorientada
pelo ambiente inapropriado para desovar, a tartaruga colocou apenas três ovos
sobre a grama, quando em cada postura costuma colocar cerca de 100 ovos.
Moradores acionaram o Projeto Tamar e o CTA – Serviços em
Meio Ambiente. As equipes compareceram ao local, registraram a tentativa da
desova da tartaruga e realizaram as medições. Foi constatado que o animal
estava bem.
“Isso que ocorreu em Manguinhos é muito comum, devido aos
imóveis construídos muito perto da praia. Constantemente o Tamar é chamado para
acompanhar desovas de tartarugas no local”, relatou o Daniel Shimada,
responsável pela Sub-base do Projeto Tamar em São Francisco de Itabapoana.
Orla de Manguinhos |
Segundo o professor e ambientalista Arthur Soffiati, em
artigo que escreveu para o Blog do Paulo Noel sobre a erosão na Praia de
Manguinhos, quando Manguinhos foi colonizada, a rua paralela à costa recebeu
construções de ambos os lados.
“A legislação vigente determina que se deve deixar livre
uma faixa de 300 metros a contar da maré alta. Na época, não existia tal
obrigatoriedade, dificilmente respeitada nos dias de hoje, mas já havia a
exigência de se construir apenas de um lado da rua”, escreveu Soffiati. Como se vê essa exigência não foi respeitada.
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