Inflamações no ouvido e na garganta são comuns no Verão,
mas outros problemas no canal auditivo também podem atrapalhar as férias e são
fáceis de evitar.
Estamos em pleno verão de 2016 e as praias, piscinas e
cachoeiras estão lotados de turistas querendo se divertir e refrescar do calor,
que alcança 40 graus em algumas regiões. Além dos cuidados e alertas com a
proteção solar, também vale a pena prestar atenção aos ouvidos, que podem ser
sensíveis para a entrada de água, ao barulho em excesso e até ao uso das hastes
flexíveis para limpeza.
Ao mergulhar ou nadar, a água entra nos ouvidos, tanto
das crianças como dos adultos. Alguns ouvidos mais sensíveis podem ter problema
com isso, como explica a Profa Dra. Tanit Ganz Sanchez, Otorrinolaringologista
e presidente da Associação de Pesquisa Interdisciplinar e Divulgação do Zumbido
(APIDIZ). “O acúmulo de água no canal do ouvido pode causar a Otite Externa,
pois o local fica úmido e facilita o crescimento de bactérias. Isso provoca dor
de ouvido - que pode ficar bem forte após 3 ou 4 dias sem tratamento -,
sensação de entupimento e de perda de audição temporária (enquanto durar a
infecção), além de zumbido (som tipo apito ou chiado no ouvido). Para evitar
isso, pessoas com ouvidos sensíveis à entrada de água devem secá-lo
adequadamente após cada entrada na água, preferencialmente pingando algumas
gotas de álcool no canal”.
Já a diferença na pressão atmosférico que ocorre quando
descemos na serra ou no avião pode causar um outro problema, conhecido como
Autofonia. “É aquela sensação do ouvido tapado que pode durar apenas enquanto o
carro ou o avião estão em descida – que é o esperado – ou até algumas horas ou
dias. Além disso, também pode haver dor de ouvido e zumbido. Esse problema pode
ser agravado se a pessoa estiver com problemas nasais, como resfriado, rinite,
sinusite, desvio de septo nasal, pois a
tuba auditiva (canal que comunica o nariz com os ouvidos) fica entupida e
provoca os sintomas de ouvido”, complementa a Profa Dra. Tanit Ganz Sanchez.
Além da Otite e da Autofonia, a Dra. Tanit, que pesquisa
há mais de 20 anos o zumbido no ouvido e outros problemas das vias auditivas,
lista alguns outros problemas que podem ocorrer no verão:
Uso de hastes Flexíveis: Muito usadas para secar os
ouvidos após a entrada na água ou para “limpar” o ouvido, as hastes podem
remover toda a cera que é a proteção natural do canal auditivo. Sem proteção, o
ouvido fica mais susceptível a infecções e também ha risco de perfuração do
tímpano, causando surdez e zumbido. Quando esses sintomas ocorrem juntos, o sofrimento
é maior. Para evitar problemas, sugerimos que a cera removida seja apenas
aquela que o ouvido espontaneamente expulsa do canal para as “dobrinhas”
externas do ouvido, usando uma toalha ou lencinho umedecido até onde a ponta do
dedo alcança. No caso de secar o ouvido, recomendamos o uso de gotas de álcool,
como já explicado antes.
Exposição ao som alto:
Praia e verão atraem shows e aulas públicas de danças na praia, com
auto-falantes enormes e potentes para uma multidão ouvir. Pessoas que ficam
próximas às caixas de som ou são expostas por longo tempo a outros sons altos
pode ter zumbido e perda de audição, temporários ou definitivos. Para evitar
isso, sempre recomendamos o uso de protetor auricular e intervalos de 10
minutos a cada 50 minutos de exposição ao som.
Dores na garganta: No verão aumenta muito o consumo de
gelados (bebidas alcóolicas, sucos, sorvetes etc). Isso, aliado a gritaria nos
shows e festas, também pode causar dores de garganta e rouquidão. Para evitar,
recomendamos moderação no consumo de gelados e repouso vocal. Algumas pessoas
se recuperam mais rapdamente com gargarejos feitos com água morna e sal. Apesar
de não ser indicado de rotina pelos médicos, a medida é inócua e pode ajudar
num momento inicial. Se os sintomas persistirem, é importante procurar um
Otorrinolaringologista.
A Profa Dra. Tanit
Ganz Sanchez (foto) é Otorrinolaringologista com doutorado e livre-docência pela USP,
Diretora-Presidente do Instituto Ganz Sanchez, Presidente da Associação de
Pesquisa Interdisciplinar e Divulgação do Zumbido (APIDIZ), Criadora da
Campanha Nacional de Alerta ao Zumbido (Novembro Laranja) e do Grupo de Apoio
Nacional a pessoas com Zumbido (GANZ). Assumiu a missão de desvendar os
mistérios do zumbido e é pioneira nas pesquisas no Brasil, sendo reconhecida
por sua didática, objetividade e compartilhamento aberto de ideias.
Fonte: Elaine Pereira / Agência Banco de Notícias
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