sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Secretário de Saúde de SFI confirmou agora pela manhã que pediu demissão do cargo


Fotos: Carlos Grevi / Mauro de Souza
 

Dr Celino falou pelo telefone à Rádio São Francisco FM: "Infelizmente acontecem coisas que agora não estão mais sobre o meu controle. Como está nos noticiários médicos não estão querendo dar plantão"
  










O médico que era responsável pela pasta da  Secretária Municipal de Saúde de São Francisco de Itabapoana Celino Pessanha Gonçalves Filho pediu exoneração ontem do cargo.

Hoje, sexta-feira, 14-12, pela manhã, Dr. Celino concedeu entrevista à Rádio São Francisco FM e falou que com muita tristeza, neste momento que é complicado, foi obrigado a pedir exoneração do cargo em função de atraso de pagamento dos médicos.

"Infelizmente acontecem coisas que estão fora do meu controle principalmente com relação ao atraso do pagamento. Foi pago aos médicos  a metade do salário do mês de novembro. Os médicos estão se recusando a fazer o plantão enquanto não receber o restante",disse.

Crise atinge as duas emergências do município sanfranciscano.

Segundo o ex-secretário, a  crise na saúde de SFI atinge as duas emergências do município que é o Posto de Saúde do centro da cidade  e o Hospital Municipal Manoel Carola em Ponto de Cacimbas Zona rural do município. 

"Ontem ainda consegui pedir a um colega para fazer o plantão na base do favor para que o Hospital Manoel Carola não ficasse desguarnecido", disse Dr. Celino.

Nos demais postos de saúde como fica a situação?

Bem, segundo o Dr. Celino, nos postos de saúde o atendimento  é a nível ambulatorial. "Então tem alguns postos que continuam com médicos porque são médicos concursados", conta.

Agora no hospital a grande maioria é de médicos contratados. Os médicos da emergência não estão mais com interesse em trabalhar e não vão ao plantão enquanto não resolver a questão. 


De acordo com o diretor do Fundo Municipal de Saúde, Rodrigo Dumas, em entrevista ao Ururau além dos dois médicos que faltaram, outros dois, do plantão desta sexta-feira (14/12), já teria avisado que não irão trabalhar.

“Estamos com apenas a metade do salário de novembro e sabemos se vamos receber o salário de dezembro”, revelou.  Antes de pedir exoneração, Celino, ainda teria minimizado a falta dos plantonistas, com a convocação de outro profissional do quadro da secretaria para dar continuidade aos trabalhos no hospital. “O secretário de Saúde conseguiu um médico para atendimentos emergenciais, mas a situação não depende dele, mas sim da administração da Prefeitura”, completou Rodrigo.

Secretário Celino pediu demissão
O impasse na área de Saúde do município não é de agora.  Alguns Postos de Urgência, como, por exemplo, o da localidade de Praça João Pessoa, está fechado há mais de 15 dias. A medida teria sido tomada pela Prefeitura após a não aprovação de verba suplementar pela Câmara Municipal. Porém, o presidente do Legislativo, Florentino Cerqueira, mais conhecido como Tininho, revelou que o impasse nas suplementações tem ocorrido devido à falta de prestação de conta por parte do Executivo.

“Dos R$ 14 milhões solicitados por mensagens pelo Executivo, já foram aprovados quase R$ 6 milhões, mesmo sem a prestação de conta. Tem um pedido de informação do vereador Sérgio Elias referente ao mês de agosto e até hoje o Executivo não prestou conta, mas sempre diz que a culpa pela falta de recursos é Legislativo”, disse o presidente.

Tininho acrescentou ainda que não há pedido de suplementação da Saúde para ser aprovado na Casa de Leis, que encerra seus trabalhos nesta quinta-feira. “As únicas mensagens que estão na Casa para apreciação dos edis é referente à suplementação da educação (Fundeb) de pouco mais de R$ 1 milhão, o Plano Plurianual (PPA) e a Lei de Diretrizes Orçamentária (LDA)”, disse.

No início desta noite, a Secretaria de Comunicação da Prefeitura, entrou em contato com Site Ururau e informou que o prefeito Frederico Barbosa Lemos estava reunido com secretário de Saúde, Celino Pessanha Gonçalves Filho, e tentava convencê-lo a não deixar o cargo. Também estava sendo discutida quais medidas seriam tomadas para resolver o problema referente ao pagamento dos funcionários. 

CRISE NA SAÚDE
A Saúde em São Francisco de Itabapoana vive crise desde que foi deflagrada a “Operação Renascer” da Polícia Federal, ocasião em que foram presos o então prefeito Beto Azevedo, os ex-secretários de Saúde do município, Fabiano Córdova e Cristiano Salles, além dos  donos da clínica Fênix, o casal Fabel Silva e Juliana Meireles.

Na ocasião, o grupo foi acusado de crimes de corrupção e desvio de dinheiro do Sistema Único de Saúde (SUS), estipulado em cerca de R$ 2,5 milhões. A verba teria sido desviada entre os anos de 2009 e 2011.


Com a prisão e cassação do mandato de Beto Azevedo , o vice-prefeito Frederico Barbosa Lemos, assumiu a cadeira no final do mês de março, mas os problemas na área de saúde continuaram, inclusive com paralisação de funcionários e falta de combustíveis para abastecer as ambulâncias.  Da redação do Blog com informações do o site Ururau.

Um comentário:

Unknown disse...

Venho por meio deste informar a atual situação dos médicos de São Francisco...

Os médicos estão sem receber, alguns receberam menos de um 1/3 do que deveria ser pago... O secretario de saúde, o diretor clinico e o coordenador da emergência pediram exoneração de seus respectivos cargos... Fontes, que acredito serem seguras, informaram que o mês de dezembro também não será pago... Em vista da atual realidade em que nos encontramos, a grande maioria dos plantonistas, a qual é escassa com falta de pediatra e obstetra em vários dias da semana, ficando o clínico responsável pelo atendimento de crianças e gestantes (mesmo não tendo total experiência e formação para tal atendimento), está se recusando a continuar trabalhando em tais condições..
Ser médico hoje é, como dito popular, matar vários leões por dia. É brigar pelo fornecimento de remédios, de recursos materiais, por condições de trabalho adequadas, pelo aumento do número de integrantes das equipes hospitalares e por um salário digno (tudo que nos falta no município de São Francisco). O nosso objetivo é, ao lado da sociedade, mostrar ao poder público que chegamos ao fim da linha, porque os limites do caos foram ultrapassados há muito tempo.
Todos os dias a mídia divulga a imersão em um pandemônio sem fim da rede pública brasileira. Dados mostram que milhões de reais são mal empregados pela administração da União, dos Estados e dos municípios e outros milhões são desviados. No município de São Francisco, por exemplo, entra governo e sai governo e tanto a população quanto os médicos continuam à mercê de promessas e decepções políticas. Porque, ao contrário do que muitas autoridades dizem, os médicos são tão vítimas dessa crise quanto à sociedade. Atuamos em péssimas condições no hospital e postos, e, na maioria das vezes, sequer contamos com o básico para poder fazer o nosso trabalho. Faltam materiais para exames, recursos humanos, medicamentos, trabalhamos com salários precários, se comparados aos demais municípios da região, e mesmo assim não recebemos o que deveria ser pago, e, além de tudo, com a responsabilidade de salvar vidas sem a qualidade de funcionamento no seu ambiente de trabalho.
Entidades médicas em São Francisco e em todo o Brasil já se uniram com o objetivo unir forças para solucionar o problema, afirmando a missão de transformar o nosso cotidiano em batalhas diárias para reivindicar condições de trabalho e salários decentes. Não admitimos ser responsabilizados pela péssima situação da rede pública desta cidade. E sonhamos, sim, que o poder público faça o que é preciso ser feito: fornecer saúde de qualidade à sociedade e dignidade a quem luta todos os dias por ela.
Nós somos médicos, seres injustiçado, condenado a vagar por um mundo de deveres, privado de qualquer direito, exceto o de permanecer trabalhando calado. Errado por natureza, desvalorizado economicamente, cobrado por todos e ainda estampado no jornal como mercenário... não somos milagreiros. Precisamos de condições e de ferramentas para trabalhar, como qualquer profissional.
Somos humanos, pessoas normais como todos.. Temos nossas contas à serem pagas, temos maiores descontos do imposto de renda...
Pedimos o mínimo, o justo: que sejamos pagos pelo o que trabalhamos. É muito humilhante e triste a sensação de trabalhar e não receber, principalmente em tais condições.

Desabafo de um médico indignado com o poder público..