quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Saúde de SFI volta a entrar em coma


Vinícius Berto, da redação

A Saúde de São Francisco de Itabapoana volta a viver um inferno astral. Na noite desta quarta-feira (12) várias pessoas ficaram sem atendimento no Hospital Municipal Manoel Carola, pois uma médica, alegando salários atrasados, só atendia casos graves. Houve até um princípio de tumulto, e a Guarda Civil Municipal foi chamada.

Nesta quinta-feira (13) a situação se agravou. Em boa parte do dia usuários do SUS ficaram sem atendimento no Hospital. À noite a unidade não teve pediatra e o único médico de plantão atendeu também apenas casos graves.

A notícia do pedido de exoneração do diretor clínico do Hospital, Dr. Patrick Correa, e do Secretário de Saúde, Dr. Celino Pessanha, veio confirmar a crise. 

Segundo um profissional da Saúde ouvido pelo Blog, os atendimentos de ambulatório estão suspensos.

É uma pena que a população de SFI tenha que sofrer tanto neste fim de ano.

Um comentário:

Unknown disse...

Venho por meio deste informar a atual situação dos médicos de São Francisco...

Os médicos estão sem receber, alguns receberam menos de um 1/3 do que deveria ser pago... O secretario de saúde, o diretor clinico e o coordenador da emergência pediram exoneração de seus respectivos cargos... Fontes, que acredito serem seguras, informaram que o mês de dezembro também não será pago... Em vista da atual realidade em que nos encontramos, a grande maioria dos plantonistas, a qual é escassa com falta de pediatra e obstetra em vários dias da semana, ficando o clínico responsável pelo atendimento de crianças e gestantes (mesmo não tendo total experiência e formação para tal atendimento), está se recusando a continuar trabalhando em tais condições..
Ser médico hoje é, como dito popular, matar vários leões por dia. É brigar pelo fornecimento de remédios, de recursos materiais, por condições de trabalho adequadas, pelo aumento do número de integrantes das equipes hospitalares e por um salário digno (tudo que nos falta no município de São Francisco). O nosso objetivo é, ao lado da sociedade, mostrar ao poder público que chegamos ao fim da linha, porque os limites do caos foram ultrapassados há muito tempo.
Todos os dias a mídia divulga a imersão em um pandemônio sem fim da rede pública brasileira. Dados mostram que milhões de reais são mal empregados pela administração da União, dos Estados e dos municípios e outros milhões são desviados. No município de São Francisco, por exemplo, entra governo e sai governo e tanto a população quanto os médicos continuam à mercê de promessas e decepções políticas. Porque, ao contrário do que muitas autoridades dizem, os médicos são tão vítimas dessa crise quanto à sociedade. Atuamos em péssimas condições no hospital e postos, e, na maioria das vezes, sequer contamos com o básico para poder fazer o nosso trabalho. Faltam materiais para exames, recursos humanos, medicamentos, trabalhamos com salários precários, se comparados aos demais municípios da região, e mesmo assim não recebemos o que deveria ser pago, e, além de tudo, com a responsabilidade de salvar vidas sem a qualidade de funcionamento no seu ambiente de trabalho.
Entidades médicas em São Francisco e em todo o Brasil já se uniram com o objetivo unir forças para solucionar o problema, afirmando a missão de transformar o nosso cotidiano em batalhas diárias para reivindicar condições de trabalho e salários decentes. Não admitimos ser responsabilizados pela péssima situação da rede pública desta cidade. E sonhamos, sim, que o poder público faça o que é preciso ser feito: fornecer saúde de qualidade à sociedade e dignidade a quem luta todos os dias por ela.
Nós somos médicos, seres injustiçado, condenado a vagar por um mundo de deveres, privado de qualquer direito, exceto o de permanecer trabalhando calado. Errado por natureza, desvalorizado economicamente, cobrado por todos e ainda estampado no jornal como mercenário... não somos milagreiros. Precisamos de condições e de ferramentas para trabalhar, como qualquer profissional.
Somos humanos, pessoas normais como todos.. Temos nossas contas à serem pagas, temos maiores descontos do imposto de renda...
Pedimos o mínimo, o justo: que sejamos pagos pelo o que trabalhamos. É muito humilhante e triste a sensação de trabalhar e não receber, principalmente em tais condições.

Desabafo de um médico indignado com o poder público..