sábado, 28 de novembro de 2009

Comunidade de Floresta volta a se entristecer



João Caldeira, o padrasto de Carla, considerava a criança como filha. Josélia da Conceição Luiz, a mãe da menina, precisou ser medicada e foi levada para o repouso do Hospital Manoel Carola. Na foto ela aparece amparada pelo marido e pela secretária de Educação Yara Chintia.


“Perdi uma princesa. Eu amava muito minha 'filha' e ela tinha um carinho especial por mim”. Essa declaração emocionante foi dada pelo trabalhador da Usina Canabrava, João Caldeira da Silva, 53 anos, popular João “Baixinho”, morador em Floresta. Ele era padrasto da menina Carla Luiz Gonçalves, cinco anos, que faleceu no Hospital Manuel Carola com suspeita de intoxicação alimentar. “Baixinho” convivia com a menina e se considerava o pai da criança. Quando casou com Josélia da Conceição Luiz, Carla estava recém nascida. “Tínhamos uma relação de pai e filha, e está sendo muito difícil pra mim”, declarou João, aos prantos. A menina deu entrada no Hospital Manoel Carola às 23h50, e logo em seguida apresentou quadro convulsivo. Os médicos conseguiram reverter o quadro, e a menina ficou em observação durante a madrugada. “Por volta das seis horas fui a Floresta apanhar roupa para minha esposa, e Carla estava se recuperando, assim como as outras crianças. Quando foi por volta das 8h veio a notícia que ela tinha falecido”, disse o padrasto. A menina foi vítima de uma segunda crise convulsiva, que foi fatal. Uma semana após um duplo homicídio, quando um homem matou o irmão e a cunhada, a comunidade de Floresta volta a se abalar.
Foto: Flori Fernandes
A intoxicação

Qual o alimento que provocou a intoxicação alimentar na noite de ontem, 27/11, durante a festa na Creche Municipal de Floresta(foto)? Essa pergunta poderá ser respondida apenas após a análise da refeição servida na confraternização de fim de ano da Creche. Assim que soube do acontecido, a secretária de Educação e Cultura de São Francisco de Itabapoana, Yara Chintia, se certificou da existência de uma sobra da comida servida para posterior análise pela Vigilância Sanitária. O cardápio da festa era composto por feijão tropeiro, arroz e salpicão, além de sucos. Tudo foi preparado pelas funcionárias da creche que estão inconsoláveis pelo ocorrido. “Esse alimento não foi entregue pela Secretaria de Educação e Cultura à Creche. O alimento servido fez parte do cardápio da festa de fim de ano oferecida aos pais e alunos. Os professores e pessoal de apoio, com a melhor das boas intenções, organizaram uma festa com o apoio das pessoas do lugar e do comércio. Jamais introduzimos feijão tropeiro, nem tão pouco salpicão na alimentação diária dos alunos. Foi um cardápio isolado”, esclareceu a secretária de Educação Yara Chintia.

Crianças internadas

Até às 14h deste sábado, seis crianças permaneciam internadas no Hospital Manoel Carola. Centenas de pessoas passaram mal e deram entrada em diversos hospitais da região. Pela proximidade com Travessão de Campos, algumas vítimas foram levadas para o hospital do distrito campista. Outras foram encaminhadas para os Hospitais Ferreira Machado e Geral de Guarus. A maioria foi medicada e liberada às 2h da madrugada. Os sintomas apresentados foram diarréia, vômito, dor de cabeça e em alguns casos febre.

Crise convulsiva

Das seis crianças ainda internadas no Hospital Manoel Carola, duas são filhas da secretária doméstica Silvana Correia da Silva, 28 anos. E uma das filhas de Silvana apresentou a temida crise convulsiva, o mesmo sintoma da menina que faleceu. “Fiquei muito nervosa, mas felizmente a minha filha está se recuperando. Senti muito a morte da Carla. Ela era amiguinha de minha filha”, revelou Silvana, que contou ainda como foi o drama na comunidade. “A festa acabou por volta das 21h30, e minha filha mais nova começou a sentir os sintomas às 22h30. Fui até à casa de Jorgino Almeida (líder comunitário de Floresta) solicitar um carro para levar minha filha ao hospital. Nesse momento, ao sair na rua, notei que outras pessoas já haviam solicitado ambulâncias. Quando retornei, minha filha mais velha estava com os mesmos sintomas”, disse. O mais curioso é que apesar de consumir a mesma refeição que todos comeram, Silvana não apresentou sintoma algum. “Estou pasma. Como que eu não apresentei os sintomas?”, questiona a doméstica que provavelmente está com uma ótima imunidade.

9 comentários:

constantino disse...

Paulo, gostaria que este contato fosse, para parabenizá-lo pelo sucesso do blog e rádio.Mas laços antigos de amizade com toda comunidade de Floresta não permiti ram ficar calado. Sou de São Diogo, trabalho a anos no Hosp. de Travessão,o qual sou o atual Dir. Clinico. Sinto profunda tristeza e pesar,por toda comunidade.Que a luz divina esteje com todos.

maria elisa disse...

Não estou aqui para defender e nem para criticar nem A e muito menos B, por isso, tudo q é feito dentro de uma repartição pública se faz necessario que se tenha uma nutricionista, para que ela mesma seja a primeira a experimentar o que esta sendo servindo a todos aqueles que vão participar da confrartenização. O que mais acontece em confrarternização é este tipo de doença, chamada "SALMONELA". E digo que já passei por isso, é horrive.
Sinto muito por esta familia, apesar de não conhece-los, os meus pêsames. Que DEUS possa confortar esta familia.

Profissional de Saúde de Campos disse...

Só pra complementar,foram trazidas crianças e adultos para o P.U de Guarus, P.U da Saldanha Marinho, e uma gestante para os Plantadores de Cana. O número de pessoas passando mal foi tanto, ficamos sem leitos, assim como o Hospital de Travessão,que parabenizo, pois se esforçou ao prestar o primeiro atendimento a todos antes de transferí-lo. Absurdo crianças e pessoas vomitando, desidratadas, dazerem uma viagem até Campos sem nenhum suporte médico. A cena Paulo, foi lastimável, ficamos arrasados por não podermos fazer mais, sem esquecer que o Hospital de Guarús está em obras, e mesmo assim, atendeu quem pode. No contato com a assistente social de Travessão, que nos avisou da demanda que estaria por vir, com muita competência, nos falou que no Hospital Ferreira Machado tinha seido mandada tomar naquele lugar, que não iria receber ninguém, que era pra distribuir nas unidades. O ferreira se auto denomina hospital de trauma, o que legalmente não procede, pois se configura no DATASUS um Hospital Geral de livre demanda. Mas não posso deixar de questionar a falta de preparo do Hospital Manoel Carola em atender casos em grandes números emergênciais. O verão está chegando e é preciso repensar este atendimento. O hospital tem uma área física enorme, com capacidade para abrigar muito paciente.Que pensem no sofrimento destes ao terem que enfrentar uma viagem deste. Ambulâncias eram lavadas por tanto vômitos dentro, 5 ou 6 pessoas, num espaço fechado, sem ventilação....loucura.Só que vivenciou sabe. Fora o P.U de Guarus que enfrenta o maior abandono, sem 16 aparelhos de ar condicionado funcionando, na pediatria, a sensação térmica deve chegar aos 39°C...crianças ficam do lado de fora no colo das mães para não piorarem.Estamos na pior fase da saúde, abandonados...trabalhamos num ambiente insalubre que só muito amor a profissão nos faz continuar.Não me identifico por não querer sofrer perseguição política, coisa corriqueira neste governo. Mas agradeço a oportunidade de colocar questões importantes.E uma lástima o falecimento desta criança. Que Deus dê muita força a essa mãe!!

Anônimo disse...

fiquei sabendo da noticia no jornal da record em rede nacional!

Anônimo disse...

acho que deveria ser feito uma pequisa muito forte ja que estamos tratando de vidas ....principalmente criança acho que deveria rever o cardapio que são oferecidos ainda mais nesse tempo quente a comida se estraga rápido demais seria bom que isso fosse bem frizado em todas as escolas e creches até mesmo falado na rádio como alerta .NESSE CALOR PRINCIPALMENTE MAIONEZE .
CLAUDIA MIRANDA

enfermeiro do hmmc disse...

em resposta ao profissional de saude de campos as pessoas q se dirigiram para campos nao foram removidas pelo hospital manoel carola e sim por conta propria seguiram em onibus da localidade de floresta direto para a cidade de campos, dos pacientes q ate as unidades de saude do nosso municipio chegaram nenhum foi transferido. para maior esclerescimento o hospital manoel carola sempre funcionou nos ultimos 10 anos com 3 medicos 6 tecnicos de enfermagem e 1 enfermeiro chefe em alguns plantoes durante o dia, desde o inicio deste ano sao 6 medicos, 1 enfermeiro chefe e 12 tecnicos de enfermagem 24h, e no dia do ocorrido justamente porque realmente nos preocupamos com nossos moradores ficamos em 10 medicos 5 enfermeiros e 20 tecnicos de enfermagem apos a convocação do nosso secretario de saude, que por sinal junto com o diretor do hospital tb foram para o hospital naquela madrugada. alem do mais não existe mais em nosso municipio a transferencia de qualquer paciente sem acompanhamento medico, temos hoje duas utis moveis q sem sombra de dúvidas estao entre as mais bem equipadas e completas de toda regiao. obrigado paulo noel pela oportunidade e parabens pela cobertura do fato ocorrido

São Francisco Aqui e agora disse...

Esse anonimo deveria rever as fontes informativas e perceber que principalmente a MAIONESE não faz parte de nenhum cardápio de ESCOLAS E CRECHES na REDE PÚBLICA.O que é oferecido à criança é uma alimentação sadia e de qualidade,se tiver oportunidade de visitar uma das ESCOLAS da REDE,peça o cardápio que é composto de feijão,arroz,macarrão,carne bovina,frango,peixe,ovos,leite,biscoitos,nescau,legumes e frutas.

Profissional de Saúde de Campos disse...

Ok, agora entendí, pois estranhei o fato deste hospital agir assim...tb conheço o serviço, por isso o fato. Os pacientes relatavam que o hospital estava transferindo...por isso o impasse.

Anônimo disse...

quando disse pra rever o cardapio não me referi só as creches sr denize.! E SIM de uma maneira geral ...o ovo tbm é um perigo no tempo quente .claudia miranda