A Usina Canabrava realizou cerca de 700 demissões. De
acordo com o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Campos dos
Goytacazes, Paulo Honorato, o movimento é incomum para esta época do ano, já
que, embora normalmente demitam funcionários, as usinas mantêm uma parte da
equipe para cultivo da cana-de-açúcar para a próxima safra. A Canabrava, porém,
teria desligado toda a equipe, preservando apenas funcionários internos, que
cuidariam das rescisões contratuais. Ainda segundo Honorato, a empresa vem
dispensando desde março e já teria demitido, anteriormente, outros 300
trabalhadores.
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais
afirmou, ainda, que a Canabrava não teria pagado todos os direitos trabalhistas
aos funcionários desligados.
— A Usina Canabrava pagou apenas parte do Fundo de Garantia
por Tempo de Serviço (FGTS). Falta o restante e o Seguro Desemprego. Há uma
série de irregularidades. São trabalhadores rurais que estão sem receber
direitos básicos dos trabalhadores. Tem gente passando fome — apontou Honorato,
que falou sobre a participação do sindicato — a Canabrava nos mandou todo mundo
sem avisar. A rescisão seguiu até o dia 18, mas houve um recesso e o assunto só
deve voltar a ser tratado no próximo dia 10. Estamos acompanhando tudo, mas,
por lei, não podemos homologar as demissões.
Honorato revelou que a Canabrava justificou as dispensas
com base “na crise e na seca” e que o departamento jurídico do Sindicato dos
Trabalhadores Rurais de Campos dos Goytacazes entrou com uma ação coletiva
contra a usina.
— Estamos convocando os trabalhadores demitidos para uma
assembleia a ser realizada no dia 23, a partir das 9h, na sede do sindicato,
quando a Canabrava vai apresentar uma proposta — afirma o presidente.
A equipe de reportagem da Folha da Manhã tentou contato
com a Usina Canabrava, mas não obteve resposta até o fechamento desta edição.
Foi tentado contato, ainda, com os presidentes do Sindicato da Indústria
Sucroenergética do Estado do Rio de Janeiro (Siserj), Frederico Paes, e da
Associação Fluminense dos Plantadores de Cana (Asflucan), Eduardo Crespo,
também sem sucesso.
Fonte: Folha da Manhã - Marcos Curvello
Foto: arquivo Blog do Paulo Noel
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