sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Embarcação na costa de SFI não tem relação com vazamento de petróleo


Mapa: CIPEG (Clique na imagem para ampliá-la)



A proximidade do Campo do Frade com a costa do Norte Fluminense fez circularem em São Francisco de Itabapoana rumores de que a mancha de óleo estaria se aproximando do litoral sanfranciscano. Os rumores ganharam força após a aparição esta semana de uma embarcação de médio porte navegando próximo à costa, entre as praias de Guaxindiba e Lagoa Doce.

O Blog apurou que a presença da embarcação não tem relação com o vazamento de petróleo na Bacia de Campos. Trata-se de um barco de sondagem, que desenvolve um trabalho de batimetria, medição da profundidade dos oceanos.

Segundo fontes do Blog, esse levantamento faz parte de estudos para a viabilização de um novo porto, de menor porte, que pode ser instalado em São Francisco de Itabapoana. Esse terminal teria como principal finalidade o fornecimento de água potável para os navios que irão circular pela região. O empreendimento atenderia a demanda futura dos portos em construção, além de poder ser utilizado pela indústria do petróleo e gás.

Todavia, a preocupação é pertinente, afinal, como mostra o mapa, o Campo do Frade está na direção do vizinho município de São João da Barra. É bom lembrar que, caso o óleo chegasse a costa, a devastação seria muito maior em São Francisco de Itabapoana, já que temos um litoral com 60 km de extensão. E aí, quando estados e municípios produtores afinam o discurso ao defenderem a necessidade dos royalties em função dos riscos desses desastres, lembramos de São Francisco de Itabapoana. Infelizmente ainda não gozamos dos royalties, devido às projeções das linhas imaginárias. Até quando?

Aliás, por falar em royalties, a ANP não se pronunciou sobre a possibilidade de haver impacto na distribuição de royalties com a desativação do poço que apresentou fissura. Já se sabe que o poço está sendo fechado e será abandonado. O mapa mostra o Campo do Frade na área delimitada pelas linhas imaginárias de São João da Barra, ou seja, se houver algum impacto é São João da Barra que perderia royalties oriundos deste poço da Chevron.


Imagem do dia 11 de novembro mostra vazamento de petróleo em fissura (Foto: Divulgação/ANP)

Leia mais
Imagens mostram 'redução substancial do vazamento', diz ANP
Royalties do petróleo: perdemos no Senado algo que nunca tivemos

Um comentário:

Cláudio Heringer disse...

Devemos prevenir ou chorar pelo óleo derramado?

Prezado Paulo Noel, boa tarde.

Acerca do vazamento de petróleo na costa fluminense pela empresa americana Chevron como constatado, necessário faz acrescentar que o acidente em questão, apesar de todos os recursos tecnológicos empregados na prospecção de petróleo em águas profundas, serve no mínimo de alerta para a população do nosso município. Para se ter uma idéia da falta de controle, transparência e do obscurantismo que ronda a Chevron, basta atentar para as “exigências” da empresa para se pronunciar sobre o acidente: as entrevistas não podem ser gravadas ou filmadas, lista prévia para a escolha dos jornalistas e das perguntas a serem feitas na coletiva, intérpretes, etc..

Até o momento as autoridades brasileiras(Polícia Federal, Ibama, entre outras) sequer obtiveram o depoimento dos prepostos da Chevron sobre o acidente.

O governo brasileiro e a Petrobrás limitam-se a dizer que os americanos da Chevron é que são responsáveis pelo problema. A Chevron, por sua vez, diz que a falha é da “pressão do reservatório do petróleo” Ora se o governo do nosso país diz que o problema do vazamento do óleo é da Chevron e a mesma diz a culpa é do poço de petróleo, o que dizer na hipótese de destruição em larga escala da nossa biodiversidade. Devemos cobrar somente da Chevron e não das nossas autoridades ou devemos responsabilizar a própria natureza pelo acidente?

Estamos sim entregues a própria sorte. Vejamos o caso recente da Servatis que provocou enormes prejuízos em nossa costa e, até o momento, apenas alguns lesados buscaram o socorro judicial, cujas as indenizações, diga-se de passagem, não atendem sequer o caráter pedagógico do dano.

Empresas do ramo como a OGX petróleo e gás, Repson, Shell, COWAN, entre outras, juntamente com as nossas autoridades municipais, estaduais, simplesmente não possuem o menor compromisso com a nossa cidade no caso de um acidente como esse provocado pelos americanos da Chevron.

Enfim, de quem é a culpa?

Att.,

Dr. Cláudio Heringer – Advogado